É a negação total. Do lado da Rússia, as várias vozes que se têm levantado para falar dos mísseis caídos na Polónia, na noite de terça-feira, vão no mesmo sentido: Moscovo nada teve a ver com o ataque e tudo não passa de uma provocação do Ocidente para tentar escalar o conflito. Os Estados Unidos foram os mais comedidos na reação, considera o Kremlin, mas as restantes reações foram mais uma prova da “russofobia”.

Vladimir Putin não disse uma palavra sobre o assunto, embora não tenham faltado chefes de Estado a falar sobre o incidente que matou dois polacos. Joe Biden, presidente dos Estados Unidos, afastou a hipótese de o disparo ter vindo de território russo, o que levou Moscovo a considerar a sua reação “comedida”. Se Putin não falou, o seu porta-voz e assessor para a imprensa, Dmitry Peskov, deixou apenas uma frase no ar na terça-feira, curta q.b.: “Não tenho qualquer informação sobre o assunto”, escreveu a agência estatal russa TASS.

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Já esta quarta-feira, falando de novo com jornalistas, Peskov foi mais contundente: “Testemunhamos mais uma reação histérica, frenética e russofóbica, que não foi baseada em qualquer facto real.” Peskov disse ainda que as acusações feitas à Rússia eram infundadas.

Dentro do governo russo, coube ao ministério de Sergei Shoigu fazer um comunicado oficial, citado pelo jornais russos controlados pelo Kremlin. “As declarações da imprensa e das autoridades polacas sobre a suposta queda de mísseis russos na região de Przewodów são uma provocação deliberada para escalar a situação”, afirmou o Ministério da Defesa da Rússia na terça-feira.

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Em resposta às acusações de que um (ou mais) míssil russo teria atingido a Polónia, o Governo russo garantiu que não fez “qualquer ataque” perto da fronteira da Ucrânia com a Polónia — muito embora dezenas de mísseis russos tenham atingido o território ucraniano nesta terça-feira. Já as imagens apresentadas, “não têm nada a ver com armas russas”, assim como a Rússia “não tem nada a ver” com o ataque, lia-se no comunicado divulgado no dia do acidente.

Os ataques efetuados, escreve a TASS citando o ministério de Shoigu, foram “ataques de precisão e a mais de 35 quilómetros” da fronteira com a Polónia.

No mesmo comunicado, o Kremlin rejeita ainda que a destruição em Kiev tenha sido provocada pelos seus ataques. “Toda a destruição demonstrada pelo regime de Kiev em áreas residenciais da capital ucraniana é consequência direta da queda e autodestruição de mísseis antiaéreos disparados por tropas ucranianas a partir de sistemas de defesa aérea ucranianos e estrangeiros localizados dentro da cidade.”

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Olga Kovitidi, senadora da Crimeia (território anexado pela Rússia em 2014) também falou sobre o assunto. “Não há necessidade de procurar um gato escuro num quarto escuro, especialmente se ele não estiver lá. Os anglo-americanos sabem muito bem que a Rússia não tem nada a ver com a queda de mísseis na área de Przewodów”, disse, citada pela TASS.

“Este incidente é uma provocação anti-russa cuidadosamente planeada”, acrescentou a política russa.

Imagens são de um S-300, diz ministro Shoigu

Depois da primeira reação, em que negou qualquer envolvimento no ataque, foi emitido um novo comunicado do Ministério da Defesa da Rússia, assinado por Shoigu, onde se aponta o dedo aos ucranianos.

“As imagens publicadas na noite de 15 de novembro na Polónia dos destroços encontrados em Przewodów foram identificados, de forma inequívoca, pelos especialistas russos em armamentos como parte de um míssil S-300 que faz parte dos sistemas de defesa aérea da Ucrânia.” O comunicado é citado pela agência Reuters.

Duas pessoas morreram depois de um míssil russo ter atingido a cidade de Przewodów, na Polónia, que é membro da NATO.

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Uma das primeiras reações foi de Dmitry Medvedev, antigo Presidente russo, que considerou que há uma guerra mundial a ser desenhada. “O incidente relacionado com aquilo que os ucranianos alegam ser um ‘ataque de míssil’ numa exploração agrícola polaca prova apenas uma coisa: prova que ao promover uma guerra híbrida contra a Rússia, o Ocidente está a mover-se no sentido de uma guerra mundial.”

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