Em dia de ensaio geral, Portugal mostrou-se pronto a atuar. Com os papéis bem definidos e as interpretações a serem limadas, o Qatar está pronto a ser o palco para desenvolver o enredo em conformidade com as expectativas. Até porque Fernando Santos não escondeu que não está nas suas previsões que o desfecho do Mundial acabe em catástrofe – e deseja que Portugal seja personagem principal da ação.

“Todos estamos convencidos que vamos dar uma grande alegria aos 11 milhões de portugueses”, assumiu no final da equipa das quinas ter deixado a Nigéria sem resposta aos quatro golos portugueses. E para que o plot twist da peça que Fernando Santos está a montar não seja demasiado surpreendente, fica a questão. “Temos uma grande equipa e grandes jogadores, por que é que temos de ter vergonha de nos assumirmos como candidatos?”. A resposta fica à consideração de cada um.

Em relação, ao jogo com a Nigéria, Fernando Santos não esconde que “foi uma boa exibição”. Seguiu-se a explicação: “Fizemos coisas muito boas em termos de mobilidade e circulação. Concedemos muito pouco espaço ao adversário. Recuperámos a bola em zonas adiantadas e conseguimos colocar mobilidade no jogo”.

Tudo isto na primeira meia hora que agradou mais do que o resto, mas que foi suficiente para colar o público às cadeiras. “Depois, Portugal baixou o ritmo e não conseguiu circular a bola mais rápido, também por causa das substituições”.

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Do último ensaio à atuação no primeiro jogo do Mundial diante do Gana, será tempo para ajustar pormenores. “Somos uma grande equipa e, se queremos ser grandes em tudo, temos que melhorar três ou quatro coisas”. Erros que têm que ser corrigidos debaixo da dor de cabeça de escalar uma equipa. Para já, estão 26 aptos a passar no casting para o onze inicial. Com João Félix a brilhar ao nível de uma estrela de Hollywood, António Silva e Gonçalo Ramos em início de carreira internacional, um Rui Patrício reabilitado e as melhorias de Pepe, o técnico não teme o momento da decisão. “Tenho 26 a bater à porta e todos têm condições de jogar, o que é bom para o treinador”. Espaço não vai faltar para todos mostrarem valor. “No campeonato do mundo, todos os jogadores vão ter as suas oportunidades”.

Enquanto Portugal jogava, Cristiano Ronaldo continuava a ser protagonista da novela que tem agitado o futebol nos últimos dias. Fernando Santos desvalorizou os novos episódios da entrevista do capitão a Piers Morgan. “Não penso que seja importante. Foi o desabafo de um homem. Respeito o Cristiano como homem”.

Antes da viagem para o Mundial, que acontece esta sexta-feira, o selecionador deixa uma estatística em jeito de lembrança e recado. “Nos últimos seis anos, quem foram as outras seleções do mundo que ganharam dois troféus? Nós e a França”, disse esperançoso de regressar do Qatar desempatado com os gauleses.