O segundo dia de greve total dos maquinistas do Metro Sul do Tejo está a provocar esta quinta-feira “fortes constrangimentos“, indicou o sindicato representativo destes trabalhadores, enquanto a empresa referiu que foram realizadas “cerca de 25% das circulações programadas”.
À semelhança do que aconteceu na quarta-feira, dia em que se iniciou a greve total de três dias consecutivos dos maquinistas do Metro Sul do Tejo, registam-se neste dia “fortes constrangimentos” na operação do serviço de transporte público, com a circulação de três a quatro comboios, informou o presidente do Sindicato dos Maquinistas (SMAQ), António Barata Domingues.
“Na totalidade, a empresa só conseguiu disponibilizar três/quatro veículos e, depois, em função do número de trabalhadores, talvez uns 10 a 15% de comboios”, adiantou António Barata Domingues, em declarações à agência Lusa, referindo que a adesão dos trabalhadores sindicalizados “está a ser total”.
De acordo com o presidente do SMAQ, “os veículos que estão a operar estão a ser conduzidos por maquinistas não sindicalizados“, em que, num universo de 80 a 90 trabalhadores, “são poucos” os não sindicalizados.
“Está a haver fortes constrangimentos na operação, semelhante ao dia de ontem [quarta-feira], semelhante também à greve do mês passado, e aquilo que perspetivamos é que amanhã [sexta-feira] a operação decorra nos mesmos termos, com fortes constrangimentos”, declarou o sindicalista.
Os trabalhadores do Metro Sul do Tejo iniciaram, na quarta-feira, três dias de greve total ao serviço, para exigir a abertura de negociações, aumentos salariais, progressão na carreira e melhor manutenção dos equipamentos.
O Metro Sul do Tejo, sistema de transportes públicos fornecido através do denominado metro ligeiro de superfície nos concelhos de Almada e Seixal, no distrito de Setúbal, é explorado pela empresa Metro Transportes do Sul (MTS).
Contactada pela agência Lusa, a MTS disse que os impactos deste segundo dia de greve total mantiveram-se exatamente iguais aos registados na quarta-feira, precisando que, até às 13h00 deste dia, foram realizadas “cerca de 25% das circulações programas“.
Na quarta-feira, fonte da empresa afirmou que “a Metro Transportes do Sul procurou um acordo com o SMAQ que sempre se mostrou irredutível em negociar aumentos salariais”.
Ainda segundo a MTS, foram mantidos “contactos e negociações com as restantes estruturas sindicais representadas na empresa, tendo já informado uma atualização salarial para 2023 que, no caso dos operadores de condução, implicará um acréscimo de 80 euros no salário base, a que corresponde um aumento de 9,6%, permitindo uma recuperação do poder de compra”.
Da parte do SMAQ, António Barata Domingues disse que o sindicato continua à espera de um contacto por parte da empresa, acrescentando que “não há qualquer novidade” em termos de processo negocial e reforçando a disponibilidade para dialogar.
“A qualquer momento, podemos sentar-nos à mesa de negociação para ultrapassar o conflito“, assumiu o sindicalista, reiterando que as principais reivindicações dos trabalhadores estão relacionadas com o facto de a MTS recusar negociar um acordo de empresa e as questões da valorização salarial, em que exigem “aumentos salariais, ou seja, consentâneos com a inflação”.
Neste âmbito, o presidente do SMAQ contestou a informação divulgada nos últimos dias pela MTS, de que, desde 2007, tem dado vários benefícios e vários prémios aos trabalhadores.
Segundo o sindicato, o que tem acontecido é “precisamente o inverso, a empresa tem é retirado direitos aos trabalhadores”.
“Os trabalhadores tinham 25 dias de férias. Neste momento, têm 22 dias de férias. Foram-lhes retirados três dias de férias. O trabalho noturno era pago a partir das 20h00 e passou a ser pago a partir das 22h00. Atualmente, é pago a partir das 22h00. E o pagamento do trabalho suplementar, que era pago com um acréscimo de 100%, neste momento, é pago com um acréscimo de 30%. Portanto, no fundo, é contraditório aquilo que a empresa diz e o que pratica. Na prática, o que aconteceu foi retirada de direitos”, reclamou o sindicalista.
Na segunda-feira, a empresa referiu que tem, desde 2007, data do início da operação, “aprovado inúmeras medidas que se têm traduzido numa melhoria reiterada das condições salariais e de trabalho dos seus colaboradores”.
Convocada pelo SMAQ, a greve iniciou-se na terça-feira, mas nesse dia apenas à prestação de trabalho suplementar, incluindo o trabalho em dia de descanso semanal e a todos os serviços com duração superior a oito horas.
De quarta-feira a sexta-feira (três dias consecutivos), a greve abrange “a prestação de todo e qualquer trabalho”, durante todo o dia.
No sábado, a paralisação volta apenas a ser ao trabalho suplementar e a todos os serviços com duração superior a oito horas.