O Tribunal de Castelo Branco começou esta quinta-feira a julgar um homem acusado pelo Ministério Público de homicídio qualificado na forma tentada, furto qualificado e violência doméstica, crimes alegadamente cometidos em janeiro, no concelho da Covilhã.

Na primeira sessão de julgamento, que decorre no Tribunal Judicial da Comarca de Castelo Branco, o arguido de 26 anos, recusou prestar declarações perante o coletivo de juízes.

O homem, suspeito de ter agredido com um machado a ex-namorada, de 41 anos, na madrugada do dia 6 de janeiro, na localidade do Teixoso, concelho da Covilhã (distrito de Castelo Branco), foi detido no dia seguinte, pela Polícia Judiciária da Guarda e estava a aguardar julgamento em prisão preventiva.

Na sessão de julgamento realizada neste dia de manhã foram ouvidos alguns amigos e o pai dos três filhos da vítima.

Sílvia relatou perante o tribunal que conheceu o arguido, Igor, através da vítima e sua amiga, Susana.

“A relação deles [Susana e do Igor] era como agora se diz de amigos coloridos. Quando ela dizia que não queria mais nada com ele, ele tornava-se mais agressivo. E, era mais quando bebia é que se tornava agressivo”, disse.

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Segundo a testemunha, o Igor queria “uma relação mais séria com a Susana. Ela tanto queria como não queria e isso deixava-o bastante frustrado“, frisou.

Sílvia contou que chegou a presenciar um episódio, na casa de Susana, numa altura em que estava lá com o seu companheiro, em que o arguido “arrombou a porta com uma marreta” e entrou com uma faca em punho.

Adiantou ainda que o Igor, deve ter ficado “surpreendido” por os encontrar no interior da casa com a Susana e posteriormente começou a ameaçar matar-se.

“O pai do meu filho é que o atirou ao chão e tirou-lhe a faca. Depois ligamos para a GNR. Quando chegaram, ele [Igor] fugiu”, tendo sido posteriormente apanhado pelos militares.

Disse ainda que a vítima, por diversas vezes, lhe relatou que “tinha medo” que o Igor “entrasse em casa e que lhe fizesse mal“.

Silvia relatou ao coletivo de juízes que na noite em que a Susana foi vítima das alegadas agressões, recebeu um telefonema do Igor, em que este lhe disse: “Matei a Susana foi sem querer, matei a Susana, matei a Susana”.

Segundo esta testemunha, posteriormente o arguido disse: “Porra, vem aí a GNR tenho que me ir embora e depois desligou”.

Já o pai dos três filhos da vítima (duas meninas e um menino) relatou ao tribunal que viveu junto com a Susana até 2017 e que tinham a guarda partilhada das duas meninas, sendo que o menino vivia a tempo integral com a mãe.

Referiu ainda que ficou a saber ao certo do relacionamento entre a Susana e o Igor, quando a mãe dos seus filhos lhe enviou uma mensagem a dizer que este tinha arrombado a porta de casa e tinha passado lá a noite “contra a vontade dela”.

“Disse que a tinha violado várias vezes durante a noite e que lhe tinha batido. Vi marcas no pescoço e nos braços“, afirmou.

Segundo a testemunha, a pedido da Susana, chegou a viver na casa dela durante três semanas, para que a vítima se “sentisse mais segura”.

Posteriormente, e a pedido da vítima, foi-se embora, uma vez que esta lhe disse que “já estava tudo bem”.

O julgamento continua durante a tarde, com a audição de várias testemunhas e tem já agendada nova sessão para o dia 7 de dezembro, às 9h15.

Susana, de 41 anos foi encontrada na madrugada de 6 de janeiro, gravemente ferida, no Teixoso, concelho da Covilhã, e o suspeito foi posteriormente localizado pela GNR.

A vítima foi transportada para o Hospital da Covilhã e depois foi transferida para Coimbra em “estado muito crítico“.

O suspeito pôs-se em fuga, mas foi localizado cerca das 13h00.

As autoridades já tinham registo de queixas de violência doméstica contra o indivíduo, mas os processos ainda não estavam concluídos.

A investigação do crime passou para a alçada da Polícia Judiciária da Guarda que o deteve no dia 7 de janeiro, com a colaboração da GNR da Covilhã.

De acordo com a investigação da PJ, a vítima encontrava-se no interior da sua residência, acompanhada por um dos três filhos menores, quando foi surpreendida pelo indivíduo, “o qual, começando por a agredir barbaramente, ao murro e pontapé, acabou por lhe desferir violentíssimas agressões na zona da cabeça, através de um machado que transportava já consigo aquando da chegada a casa da vítima”.

A PJ também explicou que a vítima foi inicialmente transportada para Centro Hospitalar da Cova da Beira, “já em estado de elevada gravidade”, tendo depois sido encaminhada aos Hospitais da Universidade de Coimbra, “onde permanece internada, correndo grave risco de vida”.