O Mais Sindicato e os sindicatos dos bancários do Centro (SBC) e do Norte (SBN) reivindicam 8,5% de aumento salarial e um apoio extraordinário para trabalhadores no ativo e na reforma, avisando que as negociações “devem ser céleres”.

Num comunicado divulgado neste dia, os três sindicatos que integram a Federação do Setor Financeiro (FEBASE) dizem ter entregado no início do mês às instituições de crédito subscritoras do Acordo Coletivo de Trabalho (ACT) do setor bancário uma proposta de 8,5% para a atualização de tabelas e cláusulas de expressão pecuniária em 2023.

“Mas, face às dificuldades que os trabalhadores enfrentam, a proposta inclui ainda medidas de apoio extraordinário aos bancários no ativo e na reforma e a revisão de clausulado”, referem, avisando que “as negociações devem ser céleres“.

De acordo com os sindicatos, “face à atual situação, é preciso ir mais longe para compensar os bancários, no ativo e na reforma, pelas perdas de rendimento”: “Para estes sindicatos não chega aumentar salários – é urgente reclamar medidas de apoio extraordinário para todos”.

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Assim, avançam, o documento entregue no início do mês às instituições de crédito “contém ainda propostas de revisão e inclusão de clausulado com vista à alteração de algumas matérias, bem como à introdução de novos temas que permitam ajudar os bancários, garantindo direitos já existentes e contratualizando outros”.

“Crédito à habitação, teletrabalho, dispensas de assiduidade, férias, subsídios, promoções e carreiras são apenas alguns dos assuntos que vão estar em cima da mesa na discussão com todas as instituições, que terá de iniciar-se logo após a receção da sua contraproposta, cujo prazo legal para entrega é de um mês“, referem.

Os sindicatos destacam ainda ser “fundamental que o processo negocial decorra com a máxima celeridade“, garantindo que “não estão disponíveis para protelar a sua conclusão como aconteceu no passado recente”.

“Se as instituições de crédito pretendem prolongar as negociações com posições intransigentes, os sindicatos não hesitarão em avançar com as medidas legais ao dispor para ultrapassar a situação”, avisam.

Sustentando que “a realidade dos trabalhadores é grave e incompatível com bloqueios negociais, não se compadecendo com atitudes como as da banca em 2021”, o Mais, o SBC e o SBN recordam como “o processo de 2021 […] foi desgastante, quando os sindicatos foram confrontados com a pretensão dos bancos de 0% de aumentos salariais“.

“Esta posição determinantemente repudiada pelos sindicatos gerou um bloqueio negocial e consequente recurso à fase de conciliação mediada pelo Ministério do Trabalho”, lembram, acrescentando que, entretanto, e face à “necessidade urgente de garantir aumentos salariais aos bancários no ativo e na reforma”, em março deste ano os sindicatos da FEBASE encerraram a revisão do ACT do setor bancário para 2021 e 2022, tendo o processamento salarial aos seus sócios ocorrido em abril e maio.

Uma história que não pode repetir-se!“, avisam.

De acordo com os sindicatos, as propostas agora apresentadas têm em conta que o sistema bancário português “tem apresentado uma forte resiliência e melhorias assinaláveis em vários domínios”, tendo acabado por “acomodar razoavelmente as consequências negativas causadas pela crise pandémica” e “não tendo sofrido efeitos negativos de maior na liquidez, na solvabilidade, na rendibilidade e na respetiva eficiência”.

“A evolução tem sido bastante favorável, encontrando-se ao nível dos melhores padrões do sistema bancário europeu”, destacam.

Por outro lado, “os trabalhadores bancários não têm beneficiado dos ganhos de produtividade e dos lucros apresentados pelas instituições (cinco milhões de euros diários)”, encontrando-se “a grande maioria […] a viver com pensões baixíssimas e com muitas dificuldades“.

Adicionalmente, quer em consequência da subida da inflação resultante da crise pandémica e da guerra na Ucrânia, quer da “insuficiente evolução salarial registada nos últimos anos”, os sindicatos sustentam que “os bancários no ativo e na reforma vão enfrentar um ano especialmente difícil, pelo que os bancos têm, mais do que nunca, de assumir a sua responsabilidade social para com os trabalhadores”.

“Mais, SBC e SBN tudo farão para defender a sua proposta negocial, empenhando todos os meios ao seu alcance para garantir justiça salarial para os bancários”, garantem.