Um grupo de duas dezenas de pessoas esperou esta segunda-feira cerca de uma hora num hotel no centro de Lisboa para cumprimentar o vice-presidente do Brasil, general Hamilton Mourão, que está em Portugal para uma visita de três dias.

O vice-presidente brasileiro, que não prestou declarações à comunicação social à chegada ao hotel, será recebido pelo Presidente Marcelo Rebelo de Sousa e na terça-feira pelo primeiro-ministro, António Costa.

Antônio Hamilton Martins Mourão será ainda recebido pelo Presidente da Assembleia da República, Augusto Santos Silva, e tem agendada uma visita à sede da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa e um encontro com empresários brasileiros em Portugal.

Questionado sobre a oportunidade da visita, a pouco mais de um mês da passagem do poder no Brasil, e poucos dias depois do próximo Presidente, Luiz Lula da Silva, ter passado por Lisboa, Ricardo Amaral Pessôa, presidente da Associação Brasileira em Portugal, sublinhou em declarações à Lusa, que o mandato da atual Presidência decorre até 31 de dezembro, pelo que “tudo o que ocorrer até lá está dentro do período presidencial”.

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“O mandato que cumpre o vice-presidente e o Presidente foi diminuído pela metade, pelo menos, porque durante dois anos o mundo parou. Então não se fez nada, ninguém viajou, ninguém visitou ninguém”, justificou ainda Amaral Pessôa, que organizou a receção dos cidadãos brasileiros a Hamilton Mourão.

A revista “Veja” dava nota este sábado que Hamilton Mourão e o Presidente Jair Bolsonaro não falam desde o dia seguinte às eleições de 30 de outubro e que o senador eleito pelo Rio Grande do Sul tem dado “palpites sobre o que o capitão [chefe de Estado] deveria ou não fazer, como entregar a faixa a Lula em um “gesto de altivez” [a citação é de Veja] e atuar politicamente para voltar ao Palácio do Planalto em 2026″.

A revista assinala ainda as declarações de Mourão em entrevista ao jornal “Valor Econômico”, em que o general classifica a ausência de Bolsonaro da vida pública desde a derrota eleitoral como “um retiro espiritual”, e ainda a assunção pelo número dois da administração brasileira de “parte das funções” do Presidente, como a receção de cartas credenciais de embaixadores no Palácio do Planalto na passada quarta-feira.

Entre a comitiva do general hoje em Lisboa, um seu alto funcionário vaticinava hoje como “muito provável” que o senador Hamilton Mourão se assuma como “o rosto da oposição” nos próximos quatro anos. “Tem o apoio de uma faixa importante do exército e da população”, justificou.