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Na vila de Tsupivka, a norte de Kharkiv, e apenas a 10 quilómetros da fronteira da Rússia, o cenário que a equipa de reportagem do jornal El Español é devastador. Completamente minada pela ofensiva russa, e destruída pelos constantes bombardeamentos, as poucas casas que resistem não têm eletricidade, água canalizada ou aquecimento. E procuram soluções. Uma delas foi  fabricar várias caldeiras portáteis  pois, com o inverno a chegar, e as temperaturas a ficarem cada vez mais rigorosas, os ucranianos preparam-se para enfrentar o inverno mais difícil das suas vidas.

A História não deixa esquecer os efeitos do inverno em tempos de guerra, e as condições que têm de enfrentar não são uma surpresa para a população. De acordo com o El Español, ainda no verão, as cidades que em breve poderão chegar aos 20º graus negativos, começaram a traçar os planos de sobrevivência e abastecimento.

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A câmara municipal de Dergachi, província onde se insere a vila de Tsupivka, conseguiu adquirir fornecedores de caldeiras que são abastecidas a lenha ainda antes de o inverno ficar mais intenso. O jornal espanhol adianta que ainda com as temperaturas amenas, encontraram a ONG Mission Kharkiv, organização responsável por distribuir medicação a doentes oncológicos que não conseguem manter os tratamentos. No seu trabalho percebeu que mais rapidamente as pessoas morreriam de frio, do que pela doença.

Deste modo, conseguiram um apoio de 20.000 dólares das organizações German Care e da International Renaissance Foundation, e começaram a produzir calderias num armazém em Jarkov. O fundador da Mission Karkhiv, Rostilav Fillipenko, descreve o projeto “como um modelo soviético muito básico, mas que funciona muito bem”.

“Cada caldeira requer cem quilos de ferro, muito mais caro do que na Espanha. Neste momento foram fabricadas 50 unidades, entregues a vilas como Tsupivka, em casas que o município assinalou como vulneráveis”, explicou o responsável da ONG, citado pelo El Español.

De acordo com a mesma fonte, Fillipenko acredita que se forem feitas mais doações serão capazes de fabricar 160 caldeiras antes de chegarem as temperaturas extremas. Apesar dos bombardeamentos, muitos continuam a não querer largar as suas casas. É o caso de Sasha, de 62 anos, um antigo chefe de manutenção de uma escola bombardeada, que queria aproveitar a sua reforma, e a guerra trocou-lhe as voltas.

Esta é a minha terra, estou bem aqui”, afirmou o sexagenário ao jornal espanhol. O cenário é imprevisível, mas mesmo assim Sasha e a mulher decidiram passar o inverno na vila, mesmo tendo de recorrer a poços para terem água, e continuarem, por enquanto, sem aquecimento.

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