A Metro do Porto tem “mesmo” de ocupar em setembro a zona das casas a demolir em Santo Ovídio, em Gaia, disse esta quarta-feira o presidente, querendo avaliar os imóveis na área da nova estação da forma “mais justa possível”.

“Nós, em setembro, temos mesmo de ocupar aquela zona. Temos mesmo que ocupar toda a zona contígua, onde será instalada a estação de Santo Ovídio, portanto temos esse objetivo de chegar a acordo rapidamente com os moradores onde será implantada a estação”, disse em entrevista à Lusa Tiago Braga.

O presidente da Metro do Porto respondia acerca das demolições de quase uma dezena de habitações na zona de Santo Ovídio, em Gaia, previstas no âmbito da empreitada da Linha Rubi (Santo Ovídio – Casa da Música).

Em causa está a construção da nova estação de Santo Ovídio, que implica que “será necessário demolir a totalidade das construções existentes na parcela limitada pela Rua António Rodrigues Rocha (a norte) e o largo da Igreja Paroquial de Santo Ovídio”, segundo o Estudo de Impacto Ambiental (EIA), apresentado em 12 de outubro.

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Há já uma equipa que está a tratar da avaliação dos imóveis, estando “marcadas já reuniões para apresentar os resultados dessa avaliação”, afirmou à Lusa Tiago Braga.

É uma avaliação que queremos que seja o mais justa possível. Vão ser apresentados valores aos moradores e, naturalmente, a seguir haverá um processo negocial no sentido de – e esse é o nosso objetivo – criar as condições para que as pessoas se sintam confortáveis e que, com tempo, consigam encontrar soluções na zona”, assegurou.

Tiago Braga disse que esta é uma situação que configura maior “urgência” na empreitada da Linha Rubi, considerando que o caso de Santo Ovídio é, “de facto, crítico”.

“Não é que outras situações que vão surgir, de expropriações, não sejam urgentes e não sejam importantes. Também são, e as pessoas são tratadas com a mesma justeza”, disse também.

Na semana passada, o presidente da Metro já tinha estabelecido setembro de 2023 como data limite para o arranque das obras da Linha Rubi, admitindo esta quarta-feira que a obra pode até começar com algumas arestas por “limar” em termos de projeto, mas não se tinha pronunciado concretamente sobre as habitações a demolir em Santo Ovídio.

“Na pior das hipóteses, nós em setembro temos de estar com obras no terreno“, disse Tiago Braga na reunião da Assembleia Municipal do Porto de 14 de novembro, solicitada para abordar o “processo de construção da Linha Rubi”.

Em Gaia, as estações previstas para a Linha Rubi (H) são Santo Ovídio, Soares dos Reis, Devesas, Rotunda, Candal e Arrábida, e no Porto Campo Alegre e Casa da Música.

A construção da Linha Rubi, prevista no âmbito do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), custará 300 milhões de euros mais IVA, e deverá terminar no final de 2025.

O presidente da Metro do Porto revelou também que o arranjo urbanístico previsto para a Avenida da Boavista, no Porto, no âmbito do projeto do “metrobus”, atrasou o arranque desta empreitada.

Questionado sobre se no arranjo urbanístico proposto para a Avenida da Boavista esta ficará toda uniforme, ao contrário do que acontece atualmente, Tiago Braga disse que a pergunta respondia ao motivo do “atraso” verificado no arranque da empreitada.

Anteriormente, a Lusa tinha questionado o presidente da Metro acerca dos prazos dados como previstos para o arranque da empreitada ou da montagem do estaleiro para a construção do BRT (Bus Rapid Transit, vulgo “metrobus”), que já foram julho, agosto ou outubro.

Tiago Braga disse que tal demora “também é” por causa do arranjo urbanístico para a Avenida da Boavista, que está a ser desenhado pelos projetistas da Metro do Porto “com os técnicos da Câmara Municipal”.

Em causa está o serviço de BRT, um autocarro a hidrogénio que circulará na Avenida da Boavista (em canal dedicado) e na Marechal Gomes da Costa (sem canal dedicado), unindo a Casa da Música à Praça do Império e à rotunda da Anémona.

“Do ponto de vista da linguagem [urbanística], há a intenção clara de ter a uniformidade ao longo do perfil todo da Avenida da Boavista”, assegurou.

Dizendo, agora, que a intenção da Metro é “arrancar até ao final do ano” com a empreitada, Tiago Braga descartou que os sucessivos atrasos no lançamento sejam “sinónimo de incompetência” de quem está com o projeto.

“Um projeto desta dimensão obriga a um conjunto de interações muito significativo”, com “um conjunto de entidades”, havendo a “necessidade de articular algumas soluções no sentido de responder melhor a esta relação” do novo meio de transporte com a cidade.

Em causa estão, por exemplo, “as dimensões funcionais, de serviço pré-existente”, ou os cenários “de micromobilidade e de simulações” que a Metro teve de fazer “para testar todas as soluções” e chegar ao produto final.

Já sobre as obras propriamente ditas, o responsável da Metro do Porto disse que “haverá um faseamento construtivo”.

“Numa parte da avenida vamos ter de fazer desvios de redes. Há redes que hoje estão colocadas ao centro da Avenida da Boavista e como o BRT, em termos de serviço, procura replicar o modelo de Metro, – frequência, regularidade e pontualidade – nós não queremos, sempre que haja uma avaria numa válvula de um ramal de água ou gás, que se corte o serviço para ir mexer”, explicou.

Em termos de empreitada, haverá uma “mobilização parcial” quanto às zonas, esperando Tiago Braga que “não tenha passado pela cabeça de ninguém” que seriam ocupadas toda a Avenida da Boavista, a Praça do Império, ou a Praça Cidade de Salvador (Anémona).

“Isto tem um faseamento em que vamos avançando por tramos, no sentido de que a disrupção no funcionamento da avenida seja o menor possível, sabendo-se que vamos ter que ocupar para fazer a intervenção”, assegurou.

O investimento no BRT é totalmente financiado pelo Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) e chega aos 66 milhões de euros, valores sem IVA.

Estão previstas as estações Casa da Música, Guerra Junqueiro, Bessa, Pinheiro Manso, Serralves, João de Barros e Império, no primeiro serviço, e na secção até Matosinhos adicionam-se Antunes Guimarães, Garcia de Orta, Nevogilde, Castelo do Queijo, e Praça Cidade do Salvador (Anémona).