Enviado especial do Observador em Doha, no Qatar

A mesma postura tranquila, o mesmo falar pausado quase que a fazer uma pontuação entre frases, a mesma forma ponderada de abordar os encontros. Tudo aquilo que eram as conferência de imprensa de Paulo Bento no Sporting e na Seleção, os dois projetos onde esteve mais tempo até chegar em 2018 à Coreia do Sul, ainda continuam a ser. E foi nesse registo que o técnico português fez o lançamento a estreia da equipa asiática neste Mundial diante do Uruguai, no mesmo dia em que Portugal vai defrontar o Gana para o grupo H.

“Vai ser um jogo complicado frente a um adversário de grande qualidade e nível técnico, muito bem organizado em todos os momentos de jogo, que concede poucos aos seus adversários, que tem jogadores experientes não só nesta competição mas também nas provas que disputam com os seus clubes. Teremos de estar a um nível muito elevado para poder discutir este encontro”, começou por dizer o treinador da Coreia do Sul, antes de abordar também a transição que o Uruguai tem vindo a fazer a nível de seleção com o antigo avançado Diego Alonso depois de uma década e meia com Óscar Tabarez no comando técnico.

“A forma como o Uruguai conseguiu fazer essa transição demonstra bem aquilo que vale como equipa. Não era fácil depois de 15 anos com o mesmo treinador, que a mim me deixou boas recordações quando foi meu treinador durante um ano [1997/98, nos espanhóis do Oviedo]. Tiveram um momento mais complicado na qualificação mas conseguiram reagir da melhor forma, o que mostra a qualidade e maturidade da equipa e do seu novo treinador. Acabaram a qualificação da América do Sul em terceiro, apenas atrás daqueles que são sempre os candidatos, Brasil e Argentina. Fizeram isso a sofrer poucos golos, a conceder muito pouco aos seus adversários”, destacou, “esvaziando” qualquer pressão entre elogios a Valverde.

“A Coreia do Sul conseguiu passar duas vezes, uma delas quando organizou o Mundial em conjunto com o Japão no ano de 2002. Aquilo que quero é que os jogadores sejam eles mesmos. Não vejo como poderemos estar mais pressionados neste Mundial tendo em conta o nosso registo, se fosse uma coisa habitual irmos à fase seguinte aí poderia ser diferente. Valverde? É um jogador fantástico, com grande técnica individual, com uma capacidade física extraordinária, que consegue também fazer a diferença de meia distância. A par de Kevin de Bruyne, são dois dos melhores médios”, salientou ainda o português que depois da Seleção passou por Cruzeiro, Olympiacos e Chongqing Lifan até chegar à Coreia do Sul, explicando ainda que Son poderá ir a jogo, que a adaptação à máscara está a ser feita mas assumindo que “há sempre alguns riscos”.

A meio da conferência, e apesar de ser apenas o encontro que fecha o grupo H deste Mundial, Paulo Bento falou também da sensação em defrontar a Seleção. “Ainda é cedo para falar disso mas sou português desde que nasci, irei ser português até morrer mas tenho de defender quem representou agora, que é a Coreia. É algo normal neste tipo de competições, temos o exemplo do atual selecionador que também já esteve na Grécia ou Carlos Queiroz que defrontou Portugal pelo Irão. Se gostaria de evitar? Sim, mas não se pode ter tudo… Por isso, é trabalhar de forma séria, profissional e honesta para o jogo”, disse sobre a partida onde irá também ter pela frente em campo um ex-companheiro de equipa como jogador: Ronaldo.

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