O novo hospital do Oeste deverá aliviar outros hospitais de mais de 600 mil consultas e 14 mil internamentos e poupar aos utentes que recorrem ao privado 237 milhões de euros por ano, conclui um estudo encomendado pelos municípios.

O Estudo Sobre o Futuro da Política Pública da Saúde no Oeste, encomendado pela Comunidade Intermunicipal do Oeste (OesteCim) à Universidade Nova de Lisboa concluiu que, dada a “resposta pública potencialmente deficitária” proporcionada pelo Centro Hospitalar do Oeste, “o elevado custo suportado anualmente pela população do Oeste é de 530 milhões de euros”, dos quais 237 milhões de euros referentes aos custos nos sistemas de saúde privados, que podem ser reduzidos com a construção do novo hospital do Oeste.

O documento, a que a agência Lusa teve acesso, estimou o impacto económico anual suportado pela população com base no tempo despendido, custos de deslocação e serviços suportados pela população nos últimos 12 meses.

Segundo o estudo, o impacto do tempo despendido na utilização do Sistema Nacional de Saúde (SNS) foi de 68,8 milhões e no privado ascendeu a 68,4 milhões, totalizando 137,2 milhões de euros.

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Já o impacto dos custos de deslocação foi de 58,8 milhões para usar o SNS e de 96,8 milhões para os sistemas privados, a que se somaram 237,1 milhões relativos aos custos dos serviços de saúde privados, totalizando assim um impacto de 392,7 milhões de euros.

“A abertura do futuro hospital do Oeste apresenta um potencial de redução significativa de todas as componentes deste custo, com especial destaque para os 237 milhões de euros referentes aos custos do sistema privado”, defende o estudo apresentado esta quinta-feira aos 12 municípios da OesteCim.

De acordo com o documento, o CHO cobre menos de 40% das consultas anuais da população da região Oeste e apenas 35% do total de cirurgias de ambulatório, “evidenciando que uma parte significativa da procura está a ser satisfeita por outros hospitais do SNS”.

Psiquiatria, ortopedia e cirurgia geral foram as consultas mais realizadas noutros hospitais do SNS, enquanto no privado o estudo destaca as de oftalmologia, clínica geral, medicina dentária, ginecologia e cardiologia.

Mais do dobro das consultas externas foram realizadas no privado, revela o estudo, estimando, com base nos dados de 2021, que a abertura do novo hospital tenha um impacto potencial de redução de “mais de 600 mil consultas, cerca de 93 mil episódios de urgência, cerca de 14 mil internamentos e mais de nove mil cirurgias de ambulatório”, que deixarão de ser feitas noutros hospitais do SNS.

O novo hospital permitirá ainda reduzir os tempos de espera para consultas externas, atualmente a rondar os 108 dias (em média), conclui o estudo Sobre o Futuro da Política Pública da Saúde no Oeste, cuja segunda fase, sobre o perfil assistencial, foi apresentada esta quinta-feira aos autarcas.

Numa primeira fase foram definidas as potenciais localizações para o futuro hospital, com Bombarral e Torres Vedras apontados como os concelhos com maiores potencialidades para a construção desta unidade, e, na segunda fase, definido o perfil assistencial necessário para dar resposta às populações, atualmente servidas pelo Centro Hospitalar do Oeste, que integra os hospitais das Caldas da Rainha, Torres Vedras e Peniche, abrangendo cerca de 300 mil habitantes dos concelhos de Caldas da Rainha, Óbidos, Peniche, Bombarral, Torres Vedras, Cadaval e Lourinhã e de parte dos concelhos de Alcobaça e de Mafra.

O estudo foi na segunda-feira entregue ao ministro da Saúde, Manuel Pizarro, que se comprometeu a definir a localização até março de 2023 e o perfil assistencial até setembro do próximo ano.

Hospitais do Oeste poderão passar a unidades de cuidados continuados

Os três hospitais do Oeste poderão ser transformados em Unidades de Cuidados Continuados para apoio ao novo hospital.

O estudo encomendado pelos municípios aponta “seis possíveis soluções para os atuais polos do Centro Hospitalar do Oeste”, os hospitais das Caldas da Rainha, Torres Vedras e Peniche, das quais a que “mais consenso e concordância gera é a da criação de Unidades de Cuidados Continuados Integrados para dar apoio ao novo hospital, reduzindo a ocupação de camas, e para prestar acompanhamento a utentes sem enquadramento familiar e de difícil resposta social”

Outra solução apontada passam pela reestruturação dos hospitais para Cuidados de Proximidade, podendo acolher serviços de urgência básica em zonas de maior concentração de população ou, em alternativa, atividades de ambulatório.

Os três polos do CHO poderão ainda albergar diferentes valências dependentes ou não da orgânica do novo hospital do Oeste, sendo que as soluções a adotar “poderão ser ajustadas à eventual necessidade de devolver aos seus proprietários os espaços que atualmente são alugados pelo Ministério da Saúde”, refere o estudo, dando como exemplo o Hospital de Torres Vedras.