A Cinemateca Portuguesa vai prestar homenagem ao produtor e realizador português António da Cunha Telles, que morreu esta quarta-feira aos 87 anos, com a exibição de “O Cerco” (1970), o primeiro filme por ele realizador.

Um dos principais exemplos do Cinema Novo português, “O Cerco” “é um bom exemplo de uma linguagem moderna no cinema português”. “O filme, que foi objeto de vários cortes de censura, também revelou a extraordinária fotogenia de Maria Cabral, no papel de uma personagem que atravessa o filme, tão cercada como a cidade com que a sua história se mistura: Lisboa, 1969”, referiu a Cinemateca.

Morreu produtor e realizador António da Cunha Telles, nome maior do Cinema Novo português

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“O Cerco’ é, antes de mais, um rosto. Depois uma paisagem. O rosto é Maria Cabral, a paisagem é Lisboa. Num caso como no outro, Cunha Teles apostou na diferença e na espontaneidade. Este corpo, diferente e novo no cinema de então, inscreve-se numa paisagem também diferente: Lisboa é a cidade dos corvos, mas este ex-libris toma uma conotação diferente da que lhe dá o emblema da cidade. São aves de rapina, mas sem coragem, que se afirmam na exploração dos mais frágeis”, descreveu o crítico de cinema Manuel Cintra Ferreira, que morreu em 2010.

A sessão, de entrada livre mediante levantamento de ingresso na bilheteira da Cinemateca, em Lisboa, acontece este sábado, 26 de novembro, às 21h30, em substituição de “Vanya on 42nd Street”, que integra a retrospetiva de Louis Malle. “Vanya on 42nd Street” será exibido na quarta-feira, 30 de novembro, às 19h30, na sala M. Félix Ribeiro e não na Luís de Pina, informou a Cinemateca.

Morreu a atriz Maria Cabral, símbolo do Cinema Novo

Devido a esta alteração na programação, “Les Années Lumière”, de Alain Tanner, será exibido na sala Luís Pina e não na M. Félix Ribeiro. A hora mantém-se a mesma (19h).

António da Cunha Telles, um dos nomes indissociáveis do Cinema Novo português nos anos de 1960, morreu esta quarta-feira aos 87 anos. De acordo com a filha, a produtora Pandora da Cunha Telles, Cunha Telles morreu no Hospital CUF Tejo, em Lisboa. O realizador deixou um filme inédito, “Cherchez la femme”, inspirado numa obra de Mário de Sá-Carneiro.