Dos cerca de três milhões de pessoas que vivem no Qatar, foi uma nascida no Gana que teve as honras de marcar o primeiro golo da seleção num Mundial. Mohammed Muntari chegou ao Qatar em 2012 e, em 2014, já tinha nacionalidade qatari. Contra o Senegal, quatro minutos depois de ter entrado, cabeceou em direção à história do país do Médio Oriente.

“O Qatar não é um país de futebol”, assumiu Muntari, que nasceu em Kumasi, numa entrevista à televisão ganesa, TV3, antes do campeonato do mundo. “O Gana será sempre o meu país”, mas “é a vida”. “Às vezes, tens de deixar a tua família para te tornares parte de outra família”. Por ter conseguido a nacionalidade em dois anos, recebeu críticas de quem pensou que escolheu representar a seleção do Qatar por motivos financeiros. “Não quero que pensem que me vendi e que escolhi o dinheiro em vez do meu país”, justificou-se.

Esta tarde, no final do jogo entre o Qatar e o Senegal, que a seleção da casa perdeu por 3-1 e que contou para a segunda jornada do grupo A do Mundial, o ponta de lança não escondeu o agrado com o golo em declarações à Bein Sports. “É um privilégio marcar o primeiro golo do país no Mundial, mas acabámos por perder. É a nossa primeira vez no torneio, estamos a ganhar experiência. Temos de nos agarrar aos pontos positivos”. Mohammed Muntari entrou aos 74 minutos do encontro, mais do que a tempo de alcançar um feito inédito.

O ponta de lança atua no Al-Duhail, equipa do português Rúben Semedo e treinada pelo antigo internacional argentino Hernán Crespo. Ao longo da carreira, passou por El Jaish e Al Ahli, todos clubes qataris. Servindo a seleção do Médio Oriente, marcou 14 golos em 44 jogos.

Ser um dos melhores jogadores de um país oferece oportunidades e jogar num Mundial é uma delas. Olhando para as probabilidades, ser um dos melhores entre três milhões de qataris é mais fácil do que ser um dos melhores entre 32 milhões de ganeses. “Escolhi o Qatar, porque tinha mais hipóteses de jogar pela seleção. Nunca foi uma questão financeira”, garantiu Muntari em declarações à TV3.

Mesmo não falando árabe, se tivesse de voltar a escolher por que seleção jogar, não hesitaria. “Se tivesse de escolher entre o Gana e o Qatar, voltaria a escolher o Qatar, pelo que estão a fazer por mim e pelos meus. Acho que tomei uma boa decisão”. Embora o Qatar já não tenha hipótese de passar à fase a eliminar do Mundial, Mohammed Muntari tinha o desejo de defrontar o Gana no decorrer da prova.

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