Os socceroos entravam em campo com a consciência de que uma derrota frente ao conjunto africano ditava a eliminação precoce neste Mundial. O selecionador, Graham Arnold, apostou num 4-3-3, com clara ideia de jogo vertical, conduzido muito pelas alas na velocidade de Craig Goodwin e Matthew Leckie. A Tunísia, treinada por Jalel Kadri, optou por um 5-2-3 mais combativo, um pouco na linha do que já se tinha visto no duelo inaugural frente à Dinamarca (0-0). A partida tinha frente-a-frente uma seleção com claras ligações britânicas e outra conhecida como a “Itália de África”… e as expetativas cumpriram-se: um jogo muito físico, com muitos lances divididos no limite da ação disciplinar e pouca bola junto das balizas.

A primeira parte começou com mais Austrália no meio-campo tunisino. O conjunto africano tardava em acertar com a baliza de Mathew Ryan e, quando parecia que a Tunísia estava a conseguir equilibrar o encontro, à passagem do minuto 20, surge o lance que decidiu o jogo (23′). Uma jogada que começa ainda na área australiana, com vários passes rápidos até que a bola chega ao corredor esquerdo do ataque da Austrália: Craig Goodwin cruzou (a bola ainda sofreu um desvio) e permite a cabeçada certeira de Mitchell Duke, a colocar a bola por cima do guarda-redes Aymen Dahmen. A Austrália ainda ameaçou chegar ao 0-2, sendo que a Tunísia tem as melhores ocasiões já perto do apito final da primeira parte. Mohamed Dräger (40′) e Youssef Msakni (45+2′), um remate bloqueado pelo defesa Harry Souttar e um remate a rasar o poste, respetivamente.

Na segunda parte, claramente uma nova Tunísia. A palestra de Jalel Kadri motivou os jogadores africanos, que entraram com uma postura mais atacante e mais assertiva a nível tático. A linha defensiva da Austrália foi sendo sempre uma mais-valia, negando as tentativas tunisinas. Tanto que apenas aos 72′ surgiu o primeiro remate enquadrado da Tunísia à baliza de Mathew Ryan, através do capitão Msakni. Por esta altura do jogo, já estava em campo, do lado africano, a estrela da companhia, o criativo Wahbi Khazri, que começou o jogo no banco devido a problemas físicos. A seleção da Tunísia começou a subir no terreno, a Austrália baixou as linhas, e os minutos finais foram jogados sem grande tática. O duelo continuou marcado pela dureza nos lances divididos, muitas paragens, muitas faltas, com o árbitro alemão Daniel Siebert a tentar gerir o jogo. A Tunísia terminou mais forte, mas foi a solidez defensiva da Austrália que sobressaiu no final. Vitória australiana pela margem mínima, sem golos sofridos.

A pérola

  • Harry Soutar. O central australiano, que atua no Stoke City, foi o principal culpado pela folha limpa com que a Austrália terminou este jogo. Teve três cortes fundamentais e contribuiu, em larga escala, para a conquista dos primeiros pontos australianos neste Campeonato do Mundo.

O joker

  • Mitchell Duke. O nome que fica para sempre registado na lista dos marcadores deste Mundial, atua na segunda divisão do Japão. Surpreendido? Aos 31 anos, mostrou que ainda tem muito futebol para dar. O cabeceamento que valeu o golo é pleno de intenção, num gesto técnico de belo efeito.

A sentença

  • De um lado, temos o conjunto australiano que ganha uma nova vida com esta vitória e vai procurar o apuramento frente à Dinamarca na última jornada deste Grupo D. Do outro, há uma formação africana que bem pode começar a pensar num milagre, até porque terá pela frente a super favorita França.

A mentira

  • Estávamos perante duas seleções que não tinham conseguido a vitória na jornada inaugural. Como tal, esperava-se que fossem arriscar no plano tático e abordar as balizas contrárias. No entanto, o que se verificou foi um duelo com muitas paragens, faltas, muito também porque o árbitro Daniel Siebert foi permitindo este tipo de jogo. Num ringue de relva, foi uma cabeçada australiana a provocar o triunfo por KO.

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