Os militantes da concelhia do PSD de Santarém receberam este sábado uma mensagem que dizia: “Somos lista A em todos os boletins. Em Santarém estamos juntos por um PSD forte concelho e do distrito”. O texto tinha ainda um link com a morada da sede e a indicação de que as urnas — das eleições para a distrital — fechavam às 20h00. A mensagem tinha, no entanto, como remetente o PSD e caiu na mesma caixa/conversa onde os militantes recebem as mensagem do PSD nacional. A lista adversária (a B) protestou, mas a direção nacional do PSD e a lista em causa (a A) garantem ao Observador que não foram utilizados meios do PSD nacional.

Imagem que mostra que mensagem entra na mesma “caixa de conversação” que as mensagens enviadas pelo PSD nacional

O candidato da lista B, Jorge Gaspar, disse ao início da noite à agência Lusa — ainda antes de fecharem as urnas — que não estavam “reunidas as condições para assegurar a normalidade institucional do ato eleitoral” e que admitia vir a impugnar as eleições.

O secretário-geral do PSD, Hugo Soares, garantiu ao Observador, após avaliar a situação, estar “absolutamente seguro que nada saiu da plataforma do PSD nacional”. O dirigente nacional do PSD responsável pela gestão do partido explicou o caso com o facto de qualquer pessoa poder alterar o remetente e vários dispositivos associarem a mensagem ao histórico que já existia. No caso, como o remetente seguiu como “PSD”, o próprio sistema dos telemóveis dos militantes agrupou-os ao histórico de mensagens antes enviadas pelo PSD nacional.

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O candidato da lista A, João Moura, também garantiu que “não foi utilizado qualquer plataforma do partido” e explicou que “os sistemas fazem isso automaticamente”. Ou seja: como quem enviou a mensagem de apoio à lista A colocou como remetente “PSD”, a mensagem chegou aos telemóveis como se fosse do próprio partido.

Após esta justificação de Hugo Soares e João Moura, o Observador pediu a um militante que fizesse um teste, enviando uma mensagem a partir de um desses sistemas (no caso o da Vodafone) com o remetente “PSD” para um número de um outro militante. Aí, o Observador constatou que aconteceu isso mesmo: a mensagem-teste apareceu em conjunto com as restantes mensagens que esse militante já antes tinha recebido do PSD nacional.

Sobre o facto de serem enviadas as mensagens no dia da eleição, membros de ambas as listas contactados pelo Observador admitiram que é uma prática corrente. A lista B, sabe o Observador, também enviou mensagens a apelar ao voto. O remetente escolhido não foi, porém, PSD. Logo, as mensagens não foram confundidas com comunicações do PSD nacional.

As eleições na distrital de Santarém opuseram este sábado o atual presidente da distrital e vice-presidente da bancada do PSD, João Moura, e Jorge Gaspar, ex-vereador da câmara municipal do Cartaxo. João Moura foi reeleito com 75% dos votos (766), contra 23,5% (240) do adversário.

João Moura reeleito presidente da distrital de Santarém do PSD