A Federação Inglesa de Futebol (FA) acusou a FIFA de comportamento “ultrajante” no caso da utilização da braçadeira “One Love” (Um amor, em português) nos jogos do Mundial do Qatar. Segundo o diretor executivo da FA, o organismo que tutela o futebol mundial ameaçou aplicar “sanções ilimitadas” a quem utilizasse a faixa de apoio à comunidade LGBTIAQ+ – a homossexualidade é proibida no Qatar e as manifestações de apoio têm sido reprimidas na competição.

“Estamos frustrados, com raiva, achamos ultrajante a maneira como tudo foi tratado. [Esta postura da FIFA] não nos leva a lugar algum. Queríamos demonstrar o nosso apoio à comunidade [homossexual] e não fomos capazes de o fazer”, declarou o líder do futebol britânico em entrevista à ITV.

Desde que foi escolhido para organizar o Mundial2022,  o Qatar tem sido alvo de várias críticas, nomeadamente no que diz respeito às suas posições em matéria de direitos humanos, das questões LGBTIAQ+ e de abuso sobre os trabalhadores migrantes. Perante este contexto, algumas federações, entre elas a inglesa, uniram-se em setembro na vontade de se expressarem com a iniciativa “One Love”, defensora de igualdade, em que eram apologistas do uso simbólico de uma braçadeira com a inscrição e as cores do arco-íris, mas a FIFA avisou não ser possível.

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Segundo Mark Bullingham, a federação efetuou várias reuniões com a FIFA sobre o tema, mas antes do jogo de estreia da Inglaterra no Mundial frente ao Irão, no passado sábado, foram informados das sanções. “Achámos que tínhamos chegado a um ponto em que era possível utilizar [a braçadeira]. Não tínhamos autorização, mas aceitaríamos a multa”, relatou. Um cenário que mudou em cima da hora de jogo, praticamente: “Duas horas antes do jogo, entraram no balneário com cinco árbitros e fomos colocados num cenário em que, no mínimo, quem usasse a braçadeira seria advertido e sujeito a sanções disciplinares”, começou por explicar.

“As sanções eram ilimitadas, tomariam medidas disciplinares contra qualquer jogador que utilizasse a braçadeira”, disse ainda. Quando questionado pela ITV se tal significaria que qualquer jogador que usasse a braçadeira correria o risco de acabar suspenso durante uma ou mais partidas, o responsável federativa britânico foi taxativo: “Isso mesmo”.

Para a FA, a seleção podia ainda correr o risco de perder pontos caso levasse a ação de solidariedade em frente: “Não ficou claro, embora eles tenham dito que tomariam medidas disciplinares e haja responsabilidade ilimitada nesse campo”.

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A polémica pelas decisões do organismo que tutela o futebol mundial tem sido um dos temas principais da competição no Dubai. Como medida para combater o uso da faixa arco-íris, a FIFA antecipou a campanha “Não à discriminação”, que deveria começar nos quartos de final do Mundial2022, a fim de permitir que os 32 capitães das seleções utilizem essa braçadeira durante o torneio.