Estava sem documentos, pouco comia e raras eram as vezes em que a deixavam lavar-se. Uma mulher moçambicana, de 29 anos, era escravizada em Portugal, por um casal de estrangeiros, de 40 e 42 anos, cuja nacionalidade não foi divulgada. Em comunicado, a Polícia Judiciária avança que, através da Diretoria do Norte, identificou, localizou e deteve, em Espinho, os dois suspeitos, “fortemente indiciados pela prática do crime de tráfico de pessoas”.

Segundo a Judiciária, o crime remonta a novembro de 2021. Foi nessa altura que os dois arguidos, “sob a falsa promessa de poder vir estudar e trabalhar, aliciaram a vítima, em Moçambique”. Convencida a viajar para Portugal, chegou ao país com a ajuda do casal. Mas, já em território português foi submetida “a servidão laboral/doméstica”, diz a PJ.

“A vítima, uma mulher de 29 anos de idade, foi privada dos seus documentos, sendo obrigada a trabalhar 16 horas por dia, sem direito a folgas ou horário de descanso, sendo remunerada em 50 euros por mês”, lê-se no comunicado. Além disso, “apenas lhe seria permitido tomar uma refeição por dia e os cuidados de higiene eram também limitados”.

Depois de sinalizada a situação e de ter recebido cuidados médicos, foi diagnosticada uma anemia grave à jovem mulher “provocada por ausência de alimentação, sendo notória a sua debilidade geral e falência física”.

Os detidos, estrangeiros a residir em Portugal, vão ser presentes à autoridade judiciária competente para primeiro interrogatório judicial e aplicação das medidas de coação tidas por adequadas, esclarece o comunicado da Judiciária.

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