A empresa Gazcorp S.A. inicia em janeiro, em Santa Maria da Feira, a produção de gases técnicos, medicinais e alimentares para “praticamente todo o tipo de indústria”, após um investimento de 15 milhões de euros envolvendo 60 novos empregos.

Totalmente financiada por fundos próprios do Grupo Amaral e Andrade, que já detém marcas como a Medika e a Douro Suites, a nova unidade do distrito de Aveiro está instalada junto ao centro de congressos Europarque, ocupa um terreno de 30.000 metros quadrados e até 2025 deverá produzir 15 toneladas de produtos gasosos por dia — embora a sua capacidade instalada seja já de 20 toneladas, o que representará 7.300 toneladas por ano.

“Estamos a falar de gases como árgon, oxigénio, azoto, dióxido de carbono, hélio e hidrogénio, o que representa um mercado de nicho com produtos que quase todas as indústrias em Portugal gastam, mas que até aqui só se conseguiam comprar a multinacionais e agora poderão ser encontrados numa empresa 100% nacional”, revela à Lusa o diretor da Gazcorp, Nuno Andrade.

Realçando que este é “um mercado bastante específico, com muita tecnologia e pouco acessível a quem não tenha conhecimento especializado sobre a matéria”, o empresário conta que a nova empresa surge de um projeto amadurecido ao longo de 20 anos e irá beneficiar de know-how adquirido junto da britânica BOC, do grupo Linde.

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Ganhei experiência na área, criei um projeto próprio e o nosso objetivo atual é disponibilizar este tipo de produto a preços mais competitivos e em soluções mais ajustadas à realidade do mercado”, acrescenta.

Com 12 postos de abastecimento apontados como “de última geração” e um laboratório que “neste momento é o mais completo da Península Ibérica”, a Gazcorp terá capacidade de enchimento a uma pressão de 300 bar e estará apta a garantir gases compostos integrando até 10 elementos em simultâneo, consoante as especificações do cliente.

A empresa também terá operação em Espanha e, para ambas as unidades, Nuno Andrade selecionou localizações “muito seguras, que ficaram bastante afastadas das zonas habitacionais” e onde os tanques de oxigénio, por exemplo, estão mais distantes da população do que o legalmente exigido. “A lei pede 20 metros até às habitações e nós estamos a mais de 100. O volume de gás armazenado também é muito inferior ao permitido”, explica.

Ainda nesse contexto, o requisito “mais crítico” do processo de recrutamento tem sido a sensibilidade dos candidatos para com as normas de segurança praticadas no setor: “Precisamos de pessoas que compreendam que fumar e estar ao telemóvel não é para este tipo de trabalho, porque uma distração mínima pode ter consequências muito graves”.

A Gazcorp assegura, por isso, a formação “interna e contínua” de todos os profissionais que contrata, recorrendo a “sistemas de produção e enchimento automáticos para eliminar o mais possível o erro humano”.

A produção estimada de 15 toneladas por dia deverá permitir à unidade da Feira faturar “cinco milhões de euros em cada um dos primeiros anos de atividade”. Depois disso, a expectativa é que as vendas aumentem e possam ainda beneficiar da disponibilização de gases gerados por energias renováveis, uma vez que, segundo Nuno Andrade, a empresa “já está a preparar uma das primeiras estações de enchimento de hidrogénio verde no país”.