O secretário de Estado da Internacionalização português manifestou-se esta segunda-feira empenhado em trabalhar com o Governo timorense para identificar setores e criar mecanismos que melhorem as condições de investimento de empresas de Portugal em Timor-Leste.

Temos que transformar essa relação próxima num instrumento que permita haver investimento português em Timor-Leste, que permita às empresas ganhar dinheiro, mas que permita também criar emprego aqui e contribuir para o desenvolvimento social e para a sustentabilidade ambiental de Timor”, disse Bernardo Ivo Cruz à Lusa em Díli.

“Temos que trabalhar com o Governo timorense para encontrar aquilo que são as necessidades da economia timorense e os mecanismos que permitam às empresas portuguesas contribuir para alcançar esses objetivos e preencher essas necessidades. Ao mesmo tempo, temos que criar as boas condições para que as empresas possam fazer esse movimento”, sublinhou.

Bernardo Ivo Cruz está em Timor-Leste no início de uma digressão na região que inclui ainda visitas a Jacarta e a Singapura, marcadas por encontros bilaterais e com empresários locais e que procuram intensificar os laços económicos entre os dois países.

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“Parte das minhas reuniões durante esta visita é encontrar áreas que são de interesse comum do desenvolvimento de Timor-Leste e das empresas portugueses e que mecanismos podemos estabelecer entre os dois Governos, entre as associações empresariais dos dois países, para ajudar a que as empresas portuguesas escolham Timor como plataforma de investimento, não só por Timor em si, mas Timor como uma plataforma para a região”, referiu.

A visita a Timor-Leste arrancou no domingo com uma reunião com o ministro do Petróleo e Recursos Minerais, Victor Soares, e com o representante do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento, tendo participado esta segunda-feira, a convite do Presidente da República, José Ramos-Horta, nas cerimónias do 47.º aniversário da declaração da independência.

Em Timor-Leste, e entre outros, tem ainda marcados encontros com a Câmara de Comércio e Indústria timorense e com a Associação de Mulheres Empresárias de Timor-Leste.

Na sua primeira visita a Timor-Leste desde 2011 — viveu no país entre 2006 e 2007 — Ivo Cruz refere-se à normalidade que encontrou, com um país “moderno, aberto, integrado” e empenhado num “esforço grande da sua projeção internacional”, incluindo na sua candidatura à Associação de Nações do Sudeste Asiático (ASEAN) e à Organização Mundial de Comércio (OMC).

Neste âmbito, em particular, reafirmou o “apoio que Portugal dá, sem quaisquer reservas, às candidaturas de Timor-Leste às organizações internacionais da região e do mundo” e destacou as novas oportunidades que essas adesões abrem para eventuais investimentos portugueses no país.

“Com a futura adesão, que Portugal apoia sem reservas nenhumas, Timor terá mais uma voz e mais um enquadramento”, disse, referindo-se igualmente ao impacto que o novo Porto de Tibar, inaugurado este mês, terá criando “uma nova centralidade” e representando “um salto tecnológico e de capacidade logística para o país e para a região”.

“Vai ser inaugurado o novo Porto de Tibar, um porto moderníssimo, e que permite como tem acontecido noutras regiões do mundo, gerar desenvolvimento. O investimento feito será vencedor e vai criar uma dinâmica de movimento e de escala que vai permitir que Timor aumente em muito o seu contributo para o comércio e para a economia”, disse.

Bernardo Ivo Cruz destacou o importante contributo que o setor privado pode ter para o desenvolvimento económico do país e afirmou que, apesar dos dois países estarem “geograficamente distantes”, a paixão permanece e pode ser motor de novos investimentos.

“A paixão por Timor em Portugal e por Portugal em Timor continua viva. E se alguém tiver dúvida, quando Portugal vencer o jogo hoje, de certeza que vamos encontrar centenas ou milhares de timorenses a celebrar essa vitória“, afirmou.

O que falta é identificar oportunidades. Não falta paixão, de um lado e de outro. Temos que conseguir abrir o caminho de racionalidade económica para as empresas — que têm que ser racionais nas escolhas que fazem –, juntar à relação intima de irmãos os instrumentos da racionalidade económica”, vincou.

Entre alguns dos setores, destacou o potencial de Timor-Leste na economia azul e até no setor mineiro.

Apesar de admitir as potenciais dificuldades económicas em 2023, dado o contexto internacional — “que faz com que investimentos e oportunidades de negócio do outro lado do mundo tenham que ser vistos ainda com mais cuidados” — o secretário de Estado disse cabe aos governos “criar as boas condições para que isso aconteça”.

“Há sempre abertura para trabalhar com Portugal e com as empresas portuguesas. Precisamos de encontrar os melhores mecanismos para que as empresas possam tomar essa decisão, uma decisão delas próprias. Vamos criar condições para que empresas possam investir em Timor-Leste”, afirmou.

Bernardo Ivo Cruz fica em Díli até quarta-feira, seguindo depois para Jacarta.