As autoridades ucranianas consideram que os russos estão a preparar-se para abandonar a central nuclear de Zapororíjia, situada numa das regiões anexadas pela Rússia em setembro. A central está sob controlo das forças russas desde março e tem motivado preocupações sobre a possibilidade de um acidente nuclear.

Segundo Petro Kotin, diretor-geral da agência de energia nuclear da Ucrânia, há sinais que apontam para a possibilidade da saída dos russos das instalações. O Kremlin, porém, já veio negar as informações. “Não há necessidade de procurar sinais onde eles não existem e onde não podem existir”, sublinhou o porta-voz Dmitry Peskov. Também a administração pró-russa da localidade de Energodar considerou que essas declarações são falsas, garantindo manter o controlo da central de Zaporíjia.

Nas últimas horas, a Rússia decidiu cancelar, de forma unilateral, um encontro no Egito para discutir o Tratado de Redução de Armas Estratégicas (New START). Este seria o primeiro encontro nesta matéria desde o início da invasão russa, a 24 de fevereiro. A embaixada norte-americana em Moscovo disse ao jornal russo Kommersant que serão propostas novas datas.

O que aconteceu durante a noite?

  • Na região de Kherson foram descobertos seis cadáveres numa vala comum, três com as mãos atadas com cordas e dois com balas na parte de trás do crânio. A organização ucraniana Centro pelas Liberdades Civis, que este ano recebeu o prémio Nobel da Paz, documentou recentemente 31 casos de tortura perpetrados pelas forças russas na cidade de Kherson, elevando o número total nacional para 300. Esta segunda-feira, o líder ucraniano, acusou a Rússia de disparar 258 vezes sobre 30 localidades na região de Kherson durante uma semana.
  • O Papa Francisco negociou a libertação de prisioneiros ucranianos com a Rússia. Admite que quando recebia listas de prisioneiros, tanto civis como militares do povo “martirizado” enviava-as ao governo russo, e a resposta era sempre muito positiva.
  • As autoridades ucranianas disseram que os funcionários que recusaram assinar contratos com a empresa russa de energia atómica (Rosatom) foram impedidos de entrar na central nuclear de Zaporíjia. A notícia foi divulgada pelo Estado-maior das Forças Armadas da Ucrânia, avança a agência Nexta.
  • Os Estados Unidos e a Rússia usaram uma linha de emergência militar uma vez durante a guerra na Ucrânia, noticiou a Reuters que apurou a informação junto a fonte oficial. A fonte não especificou quando é que aconteceu, tendo apenas referido que a chamada estava relacionada com operações militares russas perto de uma infraestrutura crítica na Ucrânia. Foram os EUA quem iniciariam a conversa.
  • As autoridades ucranianas e russas descrevem combates intensos em torno de Bakhmut, na região de Donetsk, no entanto, os relatos não coincidem em tudo. Se Moscovo diz que a cidade está perto de ser cercada, Kiev nega.
  • A Ucrânia continua a enfrentar várias dificuldades devido aos repetidos ataques russos contra infraestruturas energéticas no país, com o regresso aos cortes de energia no país. A solução para tudo isto é, na opinião do secretário da defesa nacional e do conselho de defesa da Ucrânia, Oleksiy Danilov, ter acesso a mais mísseis de alcance igual ou superior a 800 quilómetros.
  • O Presidente russo, Vladimir Putin, e o homólogo do Cazaquistão, o reeleito Kassym-Jomart Tokayev, reafirmaram a sua unidade ao recordarem as ligações históricas entre os dois países, após desacordos sobre o conflito na Ucrânia.
  • Dos mais de 16.000 ataques com mísseis à Ucrânia, 97% tinham como alvo infraestruturas civis. A informação foi divulgada pelo ministro da Defesa ucraniano, Oleksii Reznikov, que adianta que apenas 500 ataques foram dirigidos a infraestruturas militares.
  • O historiador norte-americano Timothy Snyder está à frente de uma angariação de fundos para comprar sistemas de defesa antidrones para a Ucrânia. Snyder junta-se a celebridades como Mark Hamill, a cantora Barbra Streisand e ao designer Demna Gvasalia na UNITED 24, uma iniciativa do Presidente ucraniano para receber doações para a Ucrânia.
  • De visita a Londres, a primeira-dama ucraniana, Olena Zelenska, apelou ao Reino Unido que reconheça Rússia como um Estado terrorista. Zelesnka visitou o Reino Unido para discutir a prevenção da violência sexual durante a guerra na Ucrânia, sendo recebida pelo ministro dos Negócios Estrangeiros britânico, James Cleverly.

O que aconteceu durante a tarde?

  • Após um novo ataque russo, a cidade ucraniana de Mykolaiv voltou a ficar sem abastecimento de água potável, divulgou o presidente da câmara, Oleksandr Sienkievych. Segundo Sienkievych, um bombardeamento russo atingiu uma estação na cidade vizinha de Kherson, pelo que Mykolaiv está dependente de água não potável “durante um período de tempo indefinido”.
  • Os serviços de segurança e a polícia ucraniana encontraram uma “grande quantidade” de “conteúdos anti-Ucrânia” durante buscas as locais religiosos, alguns ligados à Igreja Ortodoxa Ucraniana do Patriarcado de Moscovo. Dizem ter descoberto livros de propaganda que negam a existência do Estado e língua ucraniana, brochuras e livros de “conteúdo xenófobo e com fabricações ofensivas para outras etnias e religiões”.
  • Os ministros dos Negócios Estrangeiros da NATO vão reunir-se na terça e quarta-feira em Bucareste, capital da Roménia, para debater o aumento do apoio à Ucrânia, a resiliência da Aliança e os “desafios colocados pela China”.
  • O presidente da câmara de Kiev, Vitali Klitschko, alertou que poderá haver cortes de eletricidade na capital ucraniana “até à primavera”, pelo que não descartam, no “pior” cenário, a possibilidade de uma evacuação.
  • A Ucrânia deve preparar-se para mais ataques russos às infraestruturas energéticas, de gás e serviços básicos, alertou o secretário-geral da NATO, Jens Stoltenberg. “Fazer isto quando estamos a entrar no inverno demonstra que o Presidente Putin está agora a tentar usar o inverno como uma arma na guerra contra a Ucrânia”, afirmou, segundo a Sky News.
  • Os ministros dos Negócios Estrangeiros da Estónia, Finlândia, Islândia, Letónia, Lituânia, Noruega e Suécia estão esta segunda-feira em Kiev para mostrar solidariedade total à Ucrânia. “Apesar das bombas russas caírem e da brutalidade bárbara, a Ucrânia vai vencer”, garantiu Gabrielius Landsbergis, ministro dos Negócios Estrangeiros da Lituânia através de uma publicação no Twitter.

  • O Ministério dos Negócios Estrangeiros da Rússia disse que convocou o embaixador norueguês sobre o que descreveu como uma detenção “politicamente motivada” de cidadãos russos. Vários cidadãos russos foram detidos na Noruega depois de terem sido detetados drones a sobrevoar áreas como aeroportos ou zonas de fronteira com a Rússia.
  • O Presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, afirmou que “a cultura tem de ganhar” na guerra em curso no país, enquanto peritos em arte alertaram para a dimensão da espoliação e destruição de património cultural ucraniano pela Rússia.
  • Os moradores de Kiev devem estar preparados para serem deslocados para os subúrbios, alertou o presidente da câmara. Numa entrevista ao RBK-Ucrânia, Vitali Klitschko disse que a Rússia continua a atacar a infraestrutura de energia da Ucrânia e que os cidadãos devem acumular comida, água, roupa quente e geradores de energia, caso a cidade tenha de enfrentar um longo apagão.

O que aconteceu durante a manhã?

  • As autoridades ucranianas alertaram a população para a possibilidade de o país sofrer uma nova vaga de bombardeamentos russos contra infraestruturas críticas que poderão afetar o fornecimento de água e energia, particularmente na capital, Kiev. Com o défice de energia a aumentar, a Ukrenergo, operadora de rede estatal da Ucrânia, regressou aos cortes de energia no país.
  • O gabinete do Procurador-Geral da Ucrânia revelou que, desde 28 de novembro de 2022, há 329 crianças ucranianas desaparecidas. A estas somam-se mais 12.034 que foram deportadas para a Rússia, uma informação que Moscovo não confirmou.
  • A oferta do Vaticano para mediar conversações de paz entre Kiev e Moscovo foi bem recebida pelo Presidente russo, mas rejeitada. Segundo o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, a recusa tem a ver com a posição da Ucrânia no que diz respeito a negociações.
  • A morte misteriosa e inesperada do ministro dos Negócios Estrangeiros da Bielorrússia foi uma das notícias que marcou o fim de semana. A imprensa ucraniana fala em envenenamento, citando fontes russas e ucranianas. Segundo a Espreso TV, o Presidente da Bielorrússia terá aumentado a sua segurança com medo de ser envenenado.
  • O Presidente da Ucrânia acusou as autoridades de Kiev de não estarem a fazer o suficiente para ajudar os cidadãos. “Muitos cidadãos de Kiev ficaram sem eletricidade por mais de 20 ou até 30 horas”, alertou Zelensky no habitual discurso. O presidente da câmara de Kiev, Vitali Klitschko, respondeu, frisando que há 430 centros de aquecimento na cidade. “Não me quero envolver em batalhas políticas, principalmente na situação atual (…). Isso não faz sentido. Tenho coisas para fazer na cidade”, sublinhou.

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