O ministro das Infraestruturas, Pedro Nuno Santos, considerou importante que se mantenha a porta aberta a uma solução aeroportuária para Lisboa que permita a expansão, para que não tenha de se discutir novamente o tema daqui a alguns anos.

“Não precisamos de fazer um aeroporto com quatro pistas amanhã, mas era importante que não fechássemos portas a uma expansão”, afirmou o ministro das Infraestruturas e da Habitação, que encerrou o colóquio “Novo aeroporto: tempo de decidir”, promovido pelo Conselho Económico e Social (CES), na Fundação Oriente, em Lisboa. Das localizações que vão ser estudadas pela comissão independente de avaliação, Montijo (associada à Portela) é aquela que não permite expansão futura, devido às condicionantes geográficas e ambientais.

“Não temos o direito de fechar portas que levam a que nos tenhamos de reunir daqui a 10 ou 15 anos novamente nesta sala e é por isso que as decisões que tomarmos têm de ter várias variáveis presentes na sua reflexão e esta é também uma delas”, apontou o governante. O ministro pediu ainda que se olhe para o estudo que vai ser feito tendo em conta “não apenas que o aeroporto de Lisboa é uma estação de partida e chegada, mas uma plataforma que distribui europeus pelo mundo”.

“Depois vamos ter todos de conseguir ter alguma humildade no debate sobre os nossos próprios conhecimentos”, acrescentou, pedindo “alguma humildade nas projeções de procura que se vão fazendo”. “Normalmente, as projeções saem furadas”, disse Pedro Nuno Santos.

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Admitindo que a decisão que for tomada não será 100% consensual, o governante vincou que o que é consensual é que o aeroporto Humberto Delgado está saturado. “A grelha de ‘slots’ [faixas horárias para descolar e aterrar] para o verão de 2023 é assustadora, está tudo a vermelho, não há espaço para mais aviões na Portela”, alertou.

Pedro Nuno Santos falou ainda sobre a TAP, considerando que a companhia aérea e o ‘hub’ (plataforma giratória de voos) de Lisboa “são duas faces da mesma moeda”. “A TAP, com todos os problemas que tem, o aeroporto com todos os problemas que tem, a TAP, através do aeroporto de Lisboa, é a primeira companhia aérea europeia a ligar a América do sul à Europa. É a primeira companhia europeia a ligar vários destinos africanos, não é a Portugal, é à Europa, isso dá, desde logo, centralidade a Portugal e essa centralidade só e conseguida com o ‘hub’. […] Centralidade dá negócio, dá dinheiro”, afirmou Pedro Nuno Santos.

A Comissão Técnica que irá levar a cabo a avaliação ambiental estratégica para o novo aeroporto de Lisboa, que o ministro considerou ter “uma tarefa enorme em mãos”, vai estudar cinco soluções, podendo ainda propor mais caso entenda.

Em causa, está a solução em que o Aeroporto Humberto Delgado fica como aeroporto principal e Montijo como complementar, uma segunda em que o Montijo adquire progressivamente o estatuto de principal e Humberto Delgado de complementar, uma terceira em que Alcochete substitui integralmente o Aeroporto Humberto Delgado, uma quarta em que será este aeroporto o principal e Santarém o complementar e uma quinta em que Santarém substitui integralmente Humberto Delgado.