É uma espécie de telefone vermelho (dos tempos da Guerra Fria) que servia como linha direta entre Moscovo e Washington. Desde 24 de fevereiro, dia em que Vladimir Putin ordenou a invasão da Ucrânia, os Estados Unidos da América e a Rússia usaram uma vez uma das linhas de emergência militar entre os dois países, noticia esta segunda-feira a agência Reuters que apurou a informação junto de fonte que se quis manter no anonimato.

A mesma fonte não especificou que episódio é que desencadeou esta reação, tendo apenas referido que a chamada ocorreu na sequência de operações militares russas perto de uma infraestrutura que estava em perigo na Ucrânia. Fora de questão está, por conseguinte, a queda de um míssil S-300 na Polónia, que acabou por fazer duas vítimas mortais.

Ouça aqui o episódio do podcast “A História do Dia” sobre a morte de Vladimir Makei com o jornalista Evgueni Mouravitch.

O veneno de Putin terá feito mais uma vítima?

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Foram os Estados Unidos que tiveram a iniciativa de encetar a conversa e a Reuters especula que a chamada tenha ocorrido após as operações militares numa central nuclear — tal a como de Zaporíjia, a maior da Europa. Em cima da mesa, está igualmente a possibilidade de os EUA terem alertado à Rússia das consequências que teria a destruição da barragem hidroelétrica de Kakhovka, perto de Kherson.

Nunca confirmando nem contestando a informação, o Pentágono sinaliza à agência de notícias que mantém diversos canais de comunicação abertos para “discutir assuntos de segurança crítica com os russos durante uma contingência ou emergência com o objetivo de evitar erros de cálculo, incidentes militares e uma escalada”. “Continuamos a acreditar que o diálogo é importante.”

A linha telefónica em causa, usada por Moscovo e Washington, conecta o Comando Militar dos Estados Unidos na Europa e o Centro de Gestão da Defesa Nacional da Rússia. Não é, contudo, o único canal de comunicação que Moscovo e Washington mantêm. Por exemplo, o secretário da Defesa norte-americano, Lloyd Austin, já entrou em contacto com o ministro da Defesa russo, Sergei Shoigu. Ou então, o caso dos comandantes-gerais do exército norte-americano e russo, o general Mark Milley e o general Valery Gerasimov respetivamente, que já falaram duas vezes desde que a guerra começou.

No entanto, esta segunda-feira, a Rússia adiou indefinidamente o encontro com os Estados Unidos para debater o uso de armas nucleares (New START) sem ter sido dado um motivo para que tal tivesse acontecido.