O secretário-geral do PCP afirmou esta terça-feira que o seu partido pretende “intensificar” a ação no quadro da CDU e alargá-la “o mais possível”, salientando as convergências entre os comunistas e o PEV quanto à análise da atual situação social.

“O que nós viemos reafirmar foi a nossa disponibilidade de intensificar a nossa ação no quadro da CDU, procurando que a mesma possa alargar o mais possível a outra gente que reconheça na CDU esse espaço de convergência e de construção de soluções para os problemas das pessoas”, afirmou Paulo Raimundo em declarações aos jornalistas na sede do Partido Ecologista “Os Verdes” (PEV), em Lisboa.

Naquela que foi a sua primeira deslocação à sede do PEV desde que tomou posse como secretário-geral comunista, Paulo Raimundo esteve acompanhado da deputada Alma Rivera e do membro da Comissão Política Rui Fernandes, e afirmou que esta sua visita ao parceiro da Coligação Democrática Unitária (CDU) constitui um “primeiro ato formal” da nova direção junto dos “aliados” do PCP.

“Fizemos questão de, no primeiro ato formal, quer do ponto de vista das questões de direção – com o novo secretário-geral — quer do ponto de vista de apresentação das conclusões da nossa Conferência [Nacional], termos esse ato formal com os nossos aliados. Daí esta deslocação neste dia aqui ao PEV e também durante esta semana [sexta-feira] o encontro com a Associação de Intervenção Democrática (ID)”, disse.

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Sobre o encontro com o PEV, Paulo Raimundo salientou que os dois partidos convergem na análise que fazem “sobre a situação social e as medidas que se impõem“, tendo o PCP refirmado a sua disponibilidade “para continuar esta ação em torno da melhoria das condições de vida das pessoas”.

Falando aos jornalistas depois de Paulo Raimundo, a dirigente do PEV Heloísa Apolónia também salientou que o seu partido converge com o PCP “relativamente a inúmeras preocupações” e à leitura que fazem “sobre a situação em que se encontra o país, mas também [sobre as] soluções que deveriam ser enquadradas e infelizmente têm tido uma resposta negativa da parte do PS”.

“Este Orçamento do Estado, que foi agora aprovado pela maioria absoluta do PS com a ajuda do Livre e do PAN, vem demonstrar claramente que não responde àquilo que se exigia a nível nacional”, criticou.

Heloísa Apolónia disse ter transmitido ao secretário-geral do PCP três prioridades do PEV: os transportes, o combate à perda de biodiversidade e a ideia de que as “contas certas só se conseguem efetivamente com produção nacional, sustentável”.

Questionada se recebeu garantias da parte do PCP de que vai ajudar o PEV a regressar à Assembleia da República, Heloísa Apolónia salientou que “intenção dos Verdes é voltar ao parlamento“.

“Julgo que é visível, e muita gente tem transmitido isso aos Verdes, que o PEV faz falta no parlamento. Nota-se uma carência da voz ecologista a que os Verdes davam expressão e eu julgo que, daqui a quatro anos, lá estaremos para dar essa expressão”, salientou.

Nestas declarações aos jornalistas, Paulo Raimundo foi ainda questionado se ficou surpreendido com as demissões dos chefes de equipa do Serviço de Urgência Geral (SUG) do Hospital de Almada, tendo respondido que “não é de estranhar, no seguimento de outras ações do tipo anteriores”.

“Não é por acaso que nós identificámos as questões da saúde como um dos problemas principais que é preciso enfrentar com coragem, mas também com investimento e com opções de valorização dos profissionais e de condições para os profissionais puderem trabalhar e, dessa forma, responder às necessidades dos utentes“, referiu.