Os Países Baixos entravam para a última jornada da fase de grupos com pé e meio nos oitavos de final, o Qatar entrava para a última jornada da fase de grupos já sem tapete debaixo dos pés. Os neerlandeses defrontavam a seleção anfitriã no dia de todas as decisões no Grupo A e só precisavam de empatar, essencialmente, para garantir o apuramento.

Depois de uma vitória perante o Senegal e um empate com o Equador, a equipa de Louis van Gaal estava muito perto de regressar à fase a eliminar de um Campeonato do Mundo depois de nem sequer ter marcado presença na competição de há quatro anos, na Rússia. “Todos os jogos têm uma característica específica. Eu concordo com as críticas e sei que precisamos de deixar uma boa exibição a cada jogo. Nós podemos evoluir, isso não é problema. Cumprimos sempre aquilo que combinamos, o que aconteceu contra o Equador foi uma exceção. É necessário ter sempre uma meta dentro do Mundial. Muitos dizem que os quartos de final são o suficiente mas essa não é a forma certa de olhar para as coisas. Nunca disse que vamos ser campeões do mundo… Mas podemos ser”, explicou o selecionador neerlandês na antevisão.

Neste contexto, Van Gaal fazia duas alterações em relação àquele que tem sido o onze inicial apresentado no Qatar: saíam Koopmeiners e Bergwijn, entravam De Roon e Depay. O avançado do Barcelona, que tem tido uma temporada muito afetada por lesões e sem qualquer regularidade competitiva face à chegada de Lewandowski e Raphinha aos catalães, estreava-se enquanto titular no Campeonato do Mundo e ia atrás da maior oportunidade para brilhar na competição.

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A primeira parte até trouxe mais dificuldades do que o esperado para os Países Baixos, com o Qatar a fechar-se muito bem no próprio meio-campo e a anular as transições rápidas que os neerlandeses costumam aplicar quando têm acesso à profundidade. Ainda dentro da meia-hora inicial, porém, Gakpo fez o costume e abriu o marcador: a equipa de Van Gaal desdobrou-se ofensivamente de forma perfeita e o avançado do PSV foi da esquerda para a faixa central para atirar e chegar ao terceiro golo em três jogos no Mundial (26′).

Nenhum dos selecionadores fez substituições ao intervalo e os Países Baixos aumentaram a vantagem logo nos primeiros minutos do segundo tempo: cruzamento na direita, desvio adversário ao primeiro poste, Depay rematou para defesa do guarda-redes e De Jong, na recarga, acertou na baliza e fez o segundo golo enquanto internacional (49′). Berghuis também teve tempo de marcar já depois de entrar em campo mas o golo acabou anulado pelo VAR por mão na bola de Gakpo no início da jogada.

No outro jogo do Grupo A, o Senegal venceu o Equador (1-2): assim, os Países Baixos apuraram-se para os oitavos de final do Mundial no primeiro lugar, os senegaleses também seguem para a fase seguinte na segunda posição, os equatorianos estão eliminados e o Qatar, como já se sabia, também fica desde já afastado e sem qualquer ponto conquistado.

A pérola

  • Terceiro jogo dos Países Baixos, terceiro troféu “Pérola” para Coady Gakpo. O avançado do PSV demonstrou novamente que está num grande momento de forma, foi outra vez o abre-latas dos neerlandeses e marcou pela terceira vez em três jogos — tornando-se o primeiro neerlandês a fazer golo nas três primeiras partidas da carreira num Campeonato do Mundo. A equipa de Van Gaal venceu o Qatar com recurso aos serviços mínimos mas Gakpo, pelo menos por agora, continua a alta intensidade.

O joker

  • Memphis Depay foi uma das novidades de Louis van Gaal no onze inicial contra o Qatar e, apesar de não ter realizado uma exibição brilhante, teve um papel indelével no segundo golo e no remate que dá a recarga de De Jong. O avançado do Barcelona, que está a atravessar um período complexo na carreira entre lesões e pouco espaço nos catalães, recebeu minutos e confiança e pode tornar-se uma peça importante para os Países Baixos no futuro do Mundial.

A sentença

  • O Grupo A é o primeiro a estar totalmente fechado no Mundial do Qatar e a seleção anfitriã é obviamente a grande derrotada, não tendo sequer conquistado um único ponto. Os Países Baixos apuraram-se na liderança do grupo, seguindo para os oitavos de final acompanhados pelo Senegal, e o Equador também fica pelo caminho depois de perder com os senegaleses.

A mentira

  • A ideia de que os Países Baixos pouco ou nada têm para dar ao futebol internacional é manifestamente exagerada. Embora tenha algumas limitações na hora de manter a consistência e o equilíbrio exibicional, caindo em intensidade e ritmo quando está a vencer ou na ponta final das partidas, esta seleção neerlandesa tem golo, tem uma capacidade ofensiva impressionante e conta sempre com a competência de Van Dijk a nível defensivo. Nos oitavos de final, naturalmente, será um nome a ter em conta.