A greve dos pilotos de barra e portos, pelo acesso à reforma antecipada aos 60 anos, está a registar uma adesão total em todos os portos do país, exceto Leixões, avançou à agência Lusa fonte oficial do sindicato OficiaisMar.

Segundo Aristides Bicho, dirigente do Sindicato dos Capitães, Oficiais Pilotos, Comissários e Engenheiros da Marinha Mercante (OficiaisMar), nos portos de Viana do Castelo, Aveiro, Figueira da Foz, Lisboa, Setúbal, Sines e Algarve a adesão à greve “é de 100%”.

“A exceção” foi o porto de Leixões, que “esteve a trabalhar”: “Não tenho informação fidedigna se foram serviços mínimos ou se foram pilotagens normais, não conseguimos filtrar, mas é natural que haja um ou outro colega que não tenha aderido à greve, cada um é livre de fazer o que entender”, afirmou Aristides Bicho.

De acordo com o dirigente do OficiaisMar, na sequência da paralisação – que se prolonga até ao final do dia de quarta-feira e é retomada a 6 e 7 de dezembro – há vários navios em ‘stand by’ para entrar nos portos, outros que atrasaram a chegada em função do final da greve e vários outros que estão estacionados nos portos e não puderam sair.

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Já nos portos da Madeira e dos Açores a greve acabou por ser suspensa, porque, segundo Aristides Bicho, os governos regionais manifestaram o seu “acordo com o que está em cima da mesa” e assumiram “o compromisso sério, escrito, de que se o Governo da República – que é quem está em falta – atender a esta reivindicação mais do que justa, eles também atenderão”.

À Lusa, o dirigente do OficiaisMar enfatizou que os trabalhadores podiam optar por “cumprir greves muito mais prolongadas, mas têm consciência de que a situação do país não é boa e que 85% a 90% do fluxo em termos de mercadorias é transportado pelo mar”.

“Era bom que o Governo da República começasse a pensar bem, porque [o acesso à reforma antecipada] é uma medida mais do que justa e as coisas podem resolver-se muito bem. Esperamos essa razoabilidade e uma boa receção por parte do Governo da República. Estamos esperançosos de que boas notícias virão”, sustentou.

Os grevistas reivindicam o cumprimento de um acordo, alcançado em 7 de agosto de 2019 com as administrações portuárias, que abria aos pilotos de barra e portos a possibilidade de antecipação da reforma a partir dos 60 anos.

Segundo um comunicado do OficiaisMar, “apesar de todas as tentativas de diálogo com a tutela ao longo dos últimos três anos, consideraram-se esgotadas as possibilidades de negociação, tanto mais que, em reunião no Ministério das Infraestruturas e Habitação, realizada no passado dia 21 de setembro de 2022, foi claramente dito que o Governo não implementaria este acordo”.

Os trabalhadores reclamam a “implementação do projeto de proposta de diploma, subscrito pelos sindicatos representativos dos pilotos de barra e portos e pelas administrações portuárias” e que “reconhece a natureza especialmente penosa e desgastante da atividade profissional exercida pelo pessoal técnico de pilotagem ao serviço das administrações portuárias, garantindo a estes profissionais a justa possibilidade da aposentação/reforma a partir dos 60 anos de idade”.

A greve decorre entre as 00h00 deste dia até ao final do dia de quarta-feira e entre as 00:00 de 06 de dezembro e o final de 7 de dezembro, estando assegurada a prestação de serviços mínimos, segundo o pré-aviso de greve, a que a agência Lusa teve acesso.