Enviado especial do Observador em Doha, no Qatar

As vidas futebolísticas de Fernando Santos e Paulo Bento começaram a cruzar-se em 2003/04 de forma mais marcante, quando o então médio fez a última temporada como jogador naquela que seria também a única época do Engenheiro em Alvalade. Pouco depois, em 2006/07, com os dois a assumir os mesmos papéis, passaram de antigos companheiros de clubes para rivais no banco. Mais tarde, ambos como selecionadores, voltaram a reencontrar-se na antecâmara de um Campeonato do Mundo. Agora, como que quase a fechar um ciclo de quase duas décadas, serão adversários numa fase final do Mundial. E se em todos os restantes pontos não se tratava de encontros decisivos, agora a margem de erro é nula para o mais novo, que tem esse dado a nível de registos históricos de nunca ter ganho a Santos (uma derrota, dois empates).

“Queremos ganhar à Coreia do Sul e ficar em primeiro, contra um adversário de grande qualidade, que fez dois jogos tremendos onde os resultados não acompanharam a qualidade. Tem a ver com o Paulo Bento, uma equipa muito rápida, com muita gente na frente, laterais ofensivos e que nunca dão o jogo por perdido. Vai ser extremamente difícil. Nós queremos continuar a evoluir. Vamos ter de ser uma equipa capaz de ter a bola para retirar a Coreia do jogo e circular rápido porque se não for assim vamos ter momentos difíceis e saber responder às virtudes fortes que a Coreia tem. Eles são muito fortes na pressão e basculação, e nós temos de responder às suas virtudes”, começou por comentar o técnico português sobre um jogo em que pode poupar Cristiano Ronaldo mas sem perder o foco da vitória que permita segurar o primeiro lugar.

“Vamos tentar continuar a evoluir, num processo de evolução. Tenho confiança total nos jogadores. Há três que não podem estar [Danilo, Nuno Mendes e Otávio]. Jogar de quatro em quatro dias vai começar a doer. Cansaço causa fadiga, fadiga causa lesões… Temos de avaliar bem, depois há a questão dos amarelos mas o mais importante é que quem entrar é porque confio, não pela parte física ou os amarelos. Ronaldo poupado? Vamos ver no treino, nem sei se é 50/50… Se não tivermos mais nenhum problema serão 20 de campo disponíveis…”, referiu. “O fator mais importante é conseguir ficar em primeiro para ter mais 24 horas para recuperar jogadores. Quero ter dores de cabeça, quero ter todos. Não fico pessimista porque há quem não possa. Fico triste por ele, todos os jogadores ficaram e tem servido de incentivo também”, acrescentou.

Ronaldo e golo do Bruno? Não conheço ninguém na FIFA, ia pedir? Nem eu nem ninguém da Federação pediu nada… Recorro ao que disse o André Silva, quando referiu que se o golo fosse atribuído a si ficaria satisfeito”, esclareceu o técnico sobre a questão do 1-0 com o Uruguai.

“Última oportunidade de uma geração? Esta é uma geração mista, há muitos com 19, 20, 21, 22, 23, 24, com muitos anos para jogar. Todos são jovens, em 2016 também tínhamos um com 39 anos. O que conta é o espírito, a alegria… Quando termos prazer é por gosto. Esta Seleção está a ficar mais preparada, começou em 2018, 2019, 2020, a de de 2016 já acabou. Está em crescimento permanente, teve uma fase não tão boa e este jogo é importante para isso mesmo. Quando os jogadores acreditam uns nos outros dá a tal boa salada que o Pepe falava”, referiu ainda Fernando Santos, sobre um episódio contado pelo central onde basicamente o técnico deu esse exemplo práticos da necessidade de juntar bem todos os ingredientes.

“O Nuno Mendes vai estar fora deste Mundial, continuando connosco por vontade dele e o clube acedeu. Isso reflete muito bem o estado de espírito, o nós, a união na equipa. Queremos vencer amanhã e ficar em primeiro lugar do grupo, sabendo as dificuldades que vamos ter”, concluiu o selecionador.

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