Quando Tite, no jogo anterior do Brasil, frente à Suíça, perante a lesão de Danilo, preferiu adaptar Éder Militão em vez de lançar Dani Alves para a posição de lateral-direito a mensagem que passou para fora foi que o histórico defesa da canarinha não contava para jogar. A própria convocatória do jogador já tinha sido muito contestada. Afinal, o que ia ao Mundial fazer um jogador de 39 anos? Talvez desempenhar o papel de mentor dos jogadores mais novos, mas, se assim foi, o plano falhou em parte já que acabou por ter que esticar as pernas e jogar como lateral-direito. É a diferença entre levar as crianças pela mão ou pegar nelas à cavalitas e para quem as costas pesam pode ser um fardo difícil de suportar.

A tranquilidade reinava do lado brasileiro. O conforto do apuramento permitiu a Tite fazer algumas poupanças dentro do que era possível com três jogadores de fora por lesão – Neymar, Danilo e Alex Sandro. Desde a baliza, até à frente de ataque, foram nove as mudanças no onze inicial. Por isso, os sinais de fumo foram divididos entre os dois lados da barricada. Começou o Brasil. Martinelli (14′) avisou de cabeça e respondeu com o mesmo método Mbeumo (45+3′). Brilharam nas balizas Epassy e Ederson, respetivamente. Depois, foi Aboubakar a estar perto do golo (51′) com um remate a passar perto do poste. Martinelli (56′) puxou a bola da esquerda para o centro e deu-lhe um arco que fez Epassy voar.

Com o mérito de ter equilibrado o jogo, os Camarões conseguiram surpreender ainda quando chegaram ao golo para lá do minuto noventa através do inevitável Aboubakar (90+2′). Já que a vitória dos Camarões por 1-0 não chegou para os camaroneses se apurarem para os oitavos, o antigo avançado do FC Porto tirou a camisola e, como já tinha visto uma amarelo anteriormente, acabou por ser expulso. Encerrada que está a fase de grupos, e confirmada a derrota do Brasil, nenhuma equipa conseguiu o pleno de vitórias no Mundial. 

A pérola

  • O jovem estreante em grandes competições, Gabriel Martinelli, deu vida ao corredor esquerdo. Na ideia de jogo de Tite, os extremos atuam abertos nas faixas, o que afastou o homem do Arsenal da zona de finalização, onde costuma ser eficiente, mas deu a Martinelli a oportunidade de apostar na verticalidade.

O joker

  • O episódio em que André Onana foi afastado da seleção dos Camarões por motivos disciplinares marcou a estadia dos Leões Indomáveis no Qatar. Epassy, o guarda-redes que rendeu o jogador do Inter nos dois jogos seguintes, esteve em grande plano contra o Brasil e conteve os oito remates que o Brasil enquadrou com a baliza. Entre os postes, nada a apontar ao guarda-redes do Abha Club da Arábia Saudita.

A sentença

  • Tal como já estava garantido, o Brasil seguiu em frente. Os Camarões estavam obrigados a vencer e, contra as probabilidades, até foram capazes de o fazer, mas a vitória da Suíça diante da Sérvia não permitiu que a equipa fosse mais longe. A canarinha terminou com seis pontos conquistados e com o primeiro lugar do grupo G. Os Leões Indomáveis fecham a primeira fase da competição com quatro pontos que só chegaram para o terceiro lugar. Desta forma, a canarinha vai jogar frente à Coreia do Sul nos oitavos e vão ser acompanhados pela Suíça – adversário de Portugal – até à fase a eliminar.

A mentira

  • Quando, aos 32 minutos, Rodrygo seguia com perigo para a baliza, o camaronês Collins Fai travou-o em falta. De imediato se percebeu que a tentativa de corte ia ser merecedora de amarelo para o defesa. Ismail Elfath levantou o cartão, mas dirigiu-se a Nouhou Tolo. Tolo sorriu e apontou para o colega como que indicando ao árbitro que tinha sancionado o jogador errado, mas consciente de que estava a responsabilizar o companheiro de equipa. De pronto, Ismail Elfath corrigiu o lapso e retribuiu o sorriso.

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