Enviado especial do Observado em Doha, no Qatar

– Inglês? Não, não me sinto à vontade… Ok, vou tentar…

Hee-chan Hwang tem apenas 26 anos mas o currículo já interessante em termos de futebol europeu também por ter entrado o circuito Red Bull, jogando primeiro em Salzburgo e depois em Leipzig num caminho que por norma faz com que nenhum jogador se perca. No último verão, quando o Wolverhampton procurava um avançado que pudesse ser alternativa a Raúl Jiménez, o sul-coreano foi cedido pelos alemães e acabou por ficar depois no conjunto da Premier League treinado até há bem pouco tempo por Bruno Lage. Assim, eram muitos os companheiros de equipa do outro lado da barricada. Desta vez, levou a melhor. E depois de todos os problemas físicos que têm condicionado este Mundial, marcou o golo decisivo nos descontos.

“Sim, cumprimentei por exemplo o Rúben Neves. O que lhe disse? Dei os parabéns pelo apuramento e desejei a melhor sorte no resto do Mundial. Foi um golo com uma sensação difícil de explicar mas fantástico ter conseguido. Paulo Bento? Todos sabem como é que reagimos, viram todos… Estamos muito felizes. É bom trabalhar com o treinador Paulo Bento”, começou por dizer na zona mista após o encontro com Portugal que terminou com uma vitória por 2-1 que permitiu a qualificação para os oitavos por um golo.

“Andava triste porque não podia ajudar os meus companheiros de equipa e estou feliz com este regresso aos jogos. Agora vamos à procura de mais. Ainda sinto algumas dores mas vou estar preparado. Quando era novo, em 2002, vi o Ronaldo no Campeonato do Mundo. É o meu ídolo. Comecei a jogar futebol depois desse Mundial. Sabemos que o Brasil é uma grande equipa. Não queremos ser apenas participantes só porque é o Brasil, vamos entrar em campo para ganhar. Uma palavra para definir esta qualificação? Fucking great!”, concluiu, desta vez com um final mais descontraído depois do nervosismo a tentar falar inglês.

A seguir passou também pela zona mista Heung-min Son, avançado do Tottenham que é a grande estrela da equipa mas que nem por isso deixou de estar tanto ou mais tempo a falar do que os restantes companheiros (o assessor chegou a dizer por três vezes “última pergunta” mas sempre a deixar mais uma). Ainda com as marcas da operação a uma fratura da cara que faz com que jogue de máscara, com um corte bem visível na zona do sobrolho, o avançado alinhou no mesmo diapasão de milagre de Hwang depois de ter feito a assistência numa transição rápida para o jogador do Wolves fechar a vitória e a qualificação.

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“Vocês que são jornalistas e vieram de Portugal sabiam também que a vossa equipa poderia ganhar o jogo até de uma forma fácil… O futebol não é assim, às vezes os resultados são diferentes do que esperamos. O que fizemos foi uma exibição incrível e estou muito feliz e orgulhoso pelo que conseguimos fazer. Como Paulo Bento preparou o jogo? O boss é muito importante para nós, claro que gostaríamos que estivesse connosco no banco. Tínhamos de dar tudo, estarmos juntos. Estivemos sempre a trabalhar juntos, ele acreditava em nós, acreditava nos restantes técnicos e estávamos preparados”, começou por dizer.

– Ele sabia os segredos de Portugal?
– Quais segredos?
– A forma como Portugal joga… Treinou alguns jogadores quando esteve na Seleção, é português…
– Todos sabemos quem eles são, são jogadores de classe mundial, super jogadores, sabemos o que eles são capazes de fazer… O boss não nos passou nenhum segredo… Vimos todos os vídeos que nos foram passando de Portugal e os jogadores perceberam bem o que era pedido e fizeram um trabalho fantástico…

“Como foi aquele momento de espera no campo pelo jogo do Uruguai? Acho que já respondi a essa pergunta umas quatro vezes nesta zona mista… [risos] Foram os seis minutos mais longos da minha vida mas quando estávamos no círculo estávamos a pensar positivo. Sabíamos que merecíamos… I’m fucking proud of this team! Foi isso que disse, muito orgulho e feliz com o que toda a gente fazia. Passamos mais tempo uns com os outros do que com a família e amigos, alguns estão em estágio há mais de um mês. É normal que tenhamos uma grande relação, isso faz diferença depois na ajuda em campo”, acrescentou o número 7, que no último Mundial tinha chorado mas de tristeza pela eliminação também nos último encontro na Rússia.