O governo do Reino Unido está a pedir a todos os pais que estejam especialmente atentos a sintomas de infeção nos seus filhos, depois de mais uma criança ter morrido na sequência de uma infeção grave que é provocada pela mesma bactéria que provoca a escarlatina. É a sétima criança a morrer com a infeção, uma situação que tem vindo a preocupar os britânicos ao longo das últimas semanas.

A mais recente vítima da infeção, causada por estreptococos do grupo A, foi um rapaz de 12 anos que vivia em Londres. Até agora, as seis crianças que haviam morrido tinham todas menos de 10 anos de idade.

Seis crianças morreram no Reino Unido com infeção grave pela bactéria que provoca escarlatina

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Em declarações à Sky News na manhã deste domingo, o líder do Partido Conservador e ministro britânico Nadhim Zahawi, deixou um apelo a todos os britânicos com filhos: “É muito importante estar vigilante, porque na rara circunstância de se tornar grave, [a infeção] precisa de tratamento urgente.”

Zahawi acrescentou ainda que “a maioria dos casos será um situação ligeira de estreptococos, mas [a bactéria] é altamente contagiosa, pelo que penso que a mensagem importante a difundir esta manhã é que os pais devem estar atentos aos sintomas, incluindo febre, dores de cabeça e erupções cutâneas”.

Bactéria é comum, mas infeção rara pode matar

Em causa está uma infeção invasiva por estreptococos do grupo A, uma bactéria bastante comum que está presente em muitas pessoas e que causa habitualmente dores de garganta ou pequenas infeções ligeiras. É, por exemplo, a bactéria responsável pela escarlatina.

Em algumas situações muitas raras, a bactéria pode entrar na corrente sanguínea e disseminar-se rapidamente — o que dá origem a uma infeção invasiva, que pode ser fatal.

Este tipo de infeção invasiva, embora rara, está a tornar-se mais frequente no Reino Unido, segundo dados das autoridades de saúde britânicas. Este ano, no que toca às crianças entre os um e os quatro anos de idade, registaram-se 2,3 casos de infeção invasiva por cada 100 mil crianças — um número mais de quatro vezes superior ao que acontecia antes da pandemia, com 0,5 casos por 100 mil crianças.

Já no caso das crianças mais velhas, entre os cinco e os nove anos de idade, registaram-se este ano 1,1 casos por cada 100 mil crianças, um valor também muito superior aos 0,3 registados entre 2017 e 2019.

As autoridades de saúde britânicas estão a investigar este aumento acentuado do número de infeções graves em crianças. Uma das principais hipóteses em estudo é a possibilidade de os confinamentos motivados pela pandemia da Covid-19 terem diminuído entre as crianças a imunidade a diferentes tipos de bactérias, o que permitiu que a infeção grave se desenvolvesse com maior facilidade.

De acordo com as informações disponíveis até ao momento, não parece que esteja em causa uma única cadeia de transmissão, uma vez que as seis crianças que morreram viviam em lugares geograficamente dispersos e não tinham contacto uns com os outros.