Há médicos no Centro Hospitalar do Algarve a exercer pediatria sem estarem autorizados para o fazer em Portugal, disse este domingo à Rádio Observador o secretário-geral do Sindicato Independente dos Médicos, Jorge Roque da Cunha.

Concretamente, as situações conhecidas pelo sindicato dizem respeito ao Hospital de Portimão, uma das unidades do centro hospitalar com sede em Faro, onde haverá médicos espanhóis que foram contratados para suprir necessidades em Portugal e que ainda não têm a autorização necessária para o exercício da profissão.

Em falta estará apenas um exame de língua portuguesa promovido pelo Instituto Camões — um processo que já estará em curso, mas ainda não foi concluído.

Roque da Cunha falava à Rádio Observador a propósito dos grandes tempos de espera nas urgências e deixava duras críticas à atuação do Governo, acusando o executivo de ter conhecimento de situações de falta de médicos em vários pontos do país.

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“O Governo sabe que, no país, cerca de 60% das urgências são garantidas por colegas que são prestadores de serviço. Sabe que em muitos hospitais as escalas estão abaixo dos mínimos. Sabe inclusivamente que há hospitais, como o hospital de Faro, que introduz nas urgências de pediatria médicos que não têm possibilidade de exercer medicina em Portugal. Sabe que muitas destas urgências são asseguradas por colegas sem especialidade, colegas que fazem prestação de serviço 72 horas seguidas, isto está tudo documentado”, disse Roque da Cunha.

O Observador contactou o bastonário da Ordem dos Médicos, que disse estar ao corrente da situação e remeteu para mais tarde, depois de um contacto com a estrutura local da Ordem, mais detalhes sobre o andamento do processo.

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