Enviado especial do Observador em Doha, no Qatar

Esta deveria ser a noite de Hugo Lloris. Era dele, só dele e de mais ninguém a não ser ele. Afinal, num jogo onde teve uma intervenção determinante no primeiro tempo perante um remate de Zielinski isolado na área ainda com o nulo no marcador e onde chegou a defender uma grande penalidade de Lewandowski num lance que foi depois (bem) repetido, o guarda-redes igualou as 142 internacionalizações por França numa longa carreira onde já foi campeão mundial e vice-campeão europeu. “Acho que o primeiro jogo de todos em 2008 foi contra o Uruguai salvo erro. Lembro-me de estar rodeado do Patrick Vieira e do Thierry Henry no hino, foi fantástico. Não podia imaginar o que ia acontecer mas sei que é um momento de ouro da minha carreira”, comentara o jogador do Tottenham, que na zona mista parou para falar em francês e inglês.

Esta deveria ser a noite de Olivier Giroud. Era dele, só dele e de mais ninguém a não ser ele. Afinal, num jogo onde teve uma intervenção determinante ao marcar o primeiro golo do encontro em cima do intervalo entre muitas outras combinações com os avançados gauleses, o avançado tornou-se o melhor marcador de sempre de França com 52 golos, mais um do que Thierry Henry. “Estava um pouco frustrado por não ter marcado noutra ocasião que tive antes, porque queria marcar e deixar de falar deste assunto do recorde. Tê-lo feito é algo grandioso, só posso sentir felicidade”, confessou o jogador de 36 anos do AC Milan, que à semelhança do que aconteceria também com Lloris iria falar na zona mista em francês e inglês.

No entanto, e de forma quase inevitável, esta foi a noite de Kylian Mbappé. Mais uma. E para acabar mesmo em beleza, o número 10 foi até à conferência de imprensa de MVP da partida ao contrário do que tinha antes acontecido. De acordo com o jornal L’Équipe, o jogador do PSG estava a evitar ir ao espaço por não querer ser associado à Budweiser, algo que já tinha feito com o KFC e marcas de apostas desportivas, por considerar que é um exemplo para os mais novos. No entanto, após a vitória contra a Polónia, não só foi como falou em francês e inglês e admitiu mesmo que vai pagar as multas que aparecerem na Federação.

“Estou muito contente com a vitória e por estar nos quartos do Mundial, não foi um jogo fácil contra uma equipa difícil mas saímos com a mesma forma de jogar, superámos os problemas e estamos muito satisfeitos de continuarmos a aventura aqui”, começou por dizer numa conferência realizada na mesma sala onde o técnico Didier Deschamps tinha falado mas que passou também numa TV na zona mista. “Sei que existem muitas questões sobre as razões pelas quais não tenho falado. Não é nada contra os jornalistas, não tenha nada contra jornalistas mas estava a sentir que precisava estar concentrado a 100% na competição para poupar energias. Foi por isso que não me apresentei mas vou pagar as multas que chegarem à Federação porque não é a Federação que tem de pagar por decisões que são minhas, pessoais”, prosseguiu.

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Sim, este Mundial é a minha obsessão, é a competição dos meus sonhos. Construí toda a minha temporada em torno desta prova e preparei-me ao máximo, fisicamente e mentalmente, para conseguir voltar a ganhar. Foi esse o objetivo que estabeleci para mim, que fixei”, destacou.

“Bola de Ouro depois de ter sido o melhor jovem do Mundial em 2018? Para ser honesto não estou a pensar nisso, o único objetivo para mim é ganhar o Mundial, agora o mais importante é ganhar os quartos, o resto é secundário. Esse é o meu único sonho aqui. Não vim para ganhar a Bola de Ouro ou a Bota de Ouro do Mundial, vim para ganhar o Campeonato do Mundo. Se acontecer, ficarei feliz mas não é para isso que estou cá, quero é vencer pela seleção de França”, concluiu numa resposta já em inglês.

“Não foi um jogo fácil porque a equipa polaca esteve bem organizada para nos incomodar mas tivemos a capacidade para controlar o jogo. Mudámos alguns posicionamentos ao intervalo e conseguimos encontrar mais espaços. Depois, brilhou o Kylian [Mbappé] com a capacidade que tem de resolver muitos problemas”, admitiu Didier Deschamps. Mais do que problemas, o avançado encontra soluções. E são muitas as soluções para estar a bater uma série de registos ao mesmo tempo que subiu ao topo dos melhores marcadores deste Mundial com cinco golos em quatro jogos, à frente de vários jogadores que levam três.

Com apenas 23 anos, e naquele que é apenas o segundo Campeonato do Mundo, Mbappé ultrapassou os golos de Ronaldo na competição (oito) e igualou os de Messi (nove). Em paralelo, tornou-se também o único abaixo dos 24 anos a chegar ao registo de pelo menos oito golos que ainda pertencia a Pelé. Tudo porque, nos últimos sete golos da França no Qatar, o avançado marcou cinco e fez duas assistências, sendo que nas últimas 14 partidas com a camisola dos gauleses Kylian Mbappé leva 16 golos.