O antigo treinador do Arsenal, Arsene Wenger, causou polémica, este domingo, ao relacionar a menor prestação de algumas seleções com tomadas de posição políticas dos seus jogadores. O comentário controverso foi feito durante um encontro do agora chefe para o Desenvolvimento Global do Futebol da FIFA com os media, no Qatar, onde decorre o Campeonato do Mundo.

Questionado sobre a eliminação da Alemanha na fase de grupos do Mundial, o que acontece pela segunda vez consecutiva, Wenger relacionou a fraca passagem dos germânicos pelo torneio com ações de defesa dos direitos humanos levadas a cabo pelos jogadores da Mannschaft.

“Quando se disputa Mundial de futebol, sabe-se que não se pode perder o primeiro jogo. Equipas com experiência como França, Inglaterra e Brasil, jogaram bem no primeiro jogo. Estas e outras equipas que estavam mentalmente preparadas, que se focaram na competição e não em manifestações políticas”, disse aos jornalistas.

Desde que foi escolhido para organizar o Mundial2022, o Qatar tem sido alvo de várias críticas, nomeadamente no que diz respeito às suas posições em matéria de direitos humanos, das questões LGBTIAQ+ e de abuso sobre os trabalhadores migrantes. Perante este contexto, algumas federações, entre elas a inglesa e a alemã, uniram-se em setembro na vontade de se expressarem com a iniciativa “One Love”, defensora de igualdade, em que eram apologistas do uso simbólico de uma braçadeira com a inscrição e as cores do arco-íris, mas a FIFA avisou não ser possível – e ameaçou mesmo com medidas disciplinares.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Alemães tapam a boca em protesto contra FIFA durante fotografia de equipa. “Os direitos humanos não são negociáveis”

Em reação a esta proibição, os jogadores da Mannschaft proporcionaram uma das imagens mais poderosas deste Mundial. Antes do jogo de estreia, frente ao Japão, no momento em que foram tirar a tradicional foto de equipa, os jogadores alemães taparam a boca. Já no decorrer do jogo, a federação alemã colocou uma mensagem nas redes sociais. “Com a nossa braçadeira de capitão quisemos mostrar os valores que vivemos na seleção: a diversidade e o respeito mútuo. Não se trata de uma mensagem política: os direitos humanos não são negociáveis. Negarem-nos a braçadeira é calarem-nos“, defendeu a DFB.

Se a Alemanha e a Dinamarca, por exemplo, caíram cedo neste torneio, a Austrália apurou-se para os “oitavos” de forma surpreendente e a Inglaterra também ultrapassou a fase de grupos.

Decisões sobre Mundial de 2026 ainda por fechar

Na mesma ocasião, Wenger assumiu que ainda não foram tomadas todas as decisões sobre o próximo Mundial, que será organizado por EUA, Canadá e México e terá, pela primeira vez, 48 seleções.

“Neste Mundial com 48 seleções, o formato ainda não está decidido. Podem ser 16 grupos com três equipas, podem ser 12 grupos com quatro equipas cada um, ou talvez dividir em dois lados com 24 equipas. Quem vai decidir isso é o Conselho da FIFA no próximo ano”, revelou.