Enviado especial do Observador em Doha, no Qatar

Os jogadores sul-coreanos tratam o treinador Paulo Bento por boss Bento ou boss Paulo Bento. Não deverá haver por lá a expressão mister dos países latinos, entra em ação o boss que explicado não quererá bem dizer o “chefe” da tradução literal. Em campo ou fora dele, Rúben Dias, mesmo só tendo 25 anos, também tem a postura de um boss. Confiante, frontal, a assumir as coisas, com um sentido de liderança que já vem desde os tempos de formação do Benfica. E foi assim que esteve também na conferência de antevisão ao encontro com a Suíça desta terça-feira, começando quase metade das respostas com um “De forma geral” para depois ir partindo para o particular de cada uma das questões que foram sendo feitas. Tudo like a boss.

“É para mim, é para mim”, começou a dizer em inglês quando uma pergunta feita em árabe (e a obrigar à colocação do phone da tradução para perceber) estava a começar a ser feita a Fernando Santos. “A pergunta é sobre o Mahrez? My friend, ele não está cá…”, atirou depois sobre uma questão que estava a ser iniciada sobre o argelino que é seu companheiro no Manchester City. Até ao final, mais dois cortes mas desta vez sofridos e não feitos a perguntas em inglês que começava a responder também em inglês esquecendo-se que as respostas deviam ser só em português, entre um f***** pelo meio entre sorrisos pelo engano. Apesar do deslizes, um líder em tudo, o tal boss, que começou a abrir o livro na primeira questão sobre os oitavos.

“De forma geral, entramos numa fase diferente da competição mas acabámos em primeiro lugar do grupo, não é preciso mudar muito. Agora não há espaço para erros, é apertar o foco. Estamos prontos, venham eles”, começou por dizer. “Esperamos um jogo de alto nível, não poderia ser de outra forma. Focamo-nos em nós próprios. Sabemos o que a Suíça traz para o jogo mas é em nós que temos de pensar sobretudo. Vai ser um encontro diferente do que aqueles que tivemos na primeira fase, pelo contexto do jogo e pelo que é a Suíça, com as suas armas diferentes e que vai tentar discutir o jogo connosco 50/50. Faz parte deles, do tipo de jogadores que têm”, prosseguiu o central que foi um dos poupados frente à Coreia do Sul também por uma questão disciplinar, algo que não perturba o jogador para os oitavos (embora não passe ao lado).

“Nesta posição é uma questão de estarmos habituados. Não queremos ficar de fora nesta competição mas se ficar por um amarelo correto para a equipa, assim farei. Todos pensamos nisso quando estamos com esse risco mas temos de saber jogar com isso. Levar um amarelo como levei no encontro passado não é a situação ideal, temos de nos focar no jogo. Temos jogadores inteligentes, que sabem o que é jogo”, referiu, antes de abordar também como é jogar com Pepe, Danilo ou António Silva. “Mudam pequenos detalhes de cada um de nós. Somos todos muito bons mas cada um à sua maneira. Acima de tudo, o entendimento que temos entre todos é bom. Foi a primeira vez do António aqui mas a sua qualidade fez com que a integração fosse rápida. Estamos preparados para responder quando for necessário mas não me cabe a mim a tomada de decisão. Tenho de estar preparado para dar o meu melhor e jogar seja com quem for”, salientou.

Por fim, depois de ter admitido que Portugal está preparado para um desempate por grandes penalidades (“Desde o início que houve essa preocupação”, assumiu), Rúben Dias respondeu também à tal questão em árabe a propósito do apoio sentido pela Seleção desde que chegou ao Qatar. “De forma geral, temos sentido muito calor por parte da massa associativa qatari que tem estado nos jogos e quando se cruza com a equipa. É importante e quero desde já agradecer todo o apoio e a paixão que passam à nossa equipa. Esperamos contar com cada vez mais apoio”, concluiu o central do Manchester City, que vai regressar ao onze de Portugal para defrontar o companheiro de equipa e posição Akanji e, caso chegue a entrar no jogo, o antigo companheiro de Benfica Haris Seferovic, avançado que não tem sido titular da equipa helvética.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR