O 285.º dia de guerra na Ucrânia fica marcado por novos bombardeamentos russos no território ucraniano. As autoridades confirmaram a morte de pelo menos duas pessoas em Zaporíjia e outras duas na região de Kherson.

Nos recentes ataques, a Rússia tem procurado atingir principalmente as infraestruturas elétricas da Ucrânia. Esta segunda-feira a empresa de fornecimento de energia ucraniana revelou que também as suas infraestruturas foram atingidas por mísseis russos. A Ukrenergo adianta que o ataque está a provocar falhas no fornecimento energético e já foram enviadas equipas de manutenção para resolver a situação.

O ministério da Administração Interna da Moldávia confirmou que um míssil caiu no seu território, sem contundo indicar a origem ou o momento em que terá caído. “O objeto explosivo foi descoberto por uma patrulha da polícia de fronteira que, devido aos bombardeamentos russos desta segunda-feira, intensificaram o nível de atenção”. O míssil foi encontrado perto da cidade de Briceni, no norte do país, junto à fronteira com a Ucrânia. Este é o segundo incidente do género depois de, em novembro, um míssil ter caído em Przewodów, uma localidade polaca também perto da fronteira com a Ucrânia.

Esta segunda-feira a embaixada ucraniana em Lisboa recebeu dois envelopes suspeitos, depois de várias instituições diplomáticas ucranianas terem na semana passada recebido pacotes ensanguentados com olhos de animais.

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Embaixada da Ucrânia em Lisboa recebeu dois envelopes suspeitos. PSP não encontrou explosivos

O que aconteceu durante a noite?

  • Duas explosões ocorridas durante a madrugada desta segunda-feira nas bases aéreas militares russas de Ryazan e Sarátov provocaram três mortos e oito feridos. Os incidentes estão a ser investigados pelas autoridades russas e o Presidente russo, Vladimir Putin, já foi informado. Um alto funcionário ucraniano, citado pelo New York Times, disse que drones ucranianos estão por trás do ataque.
  • A porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros da Rússia, Maria Zakharova, garantiu que as tropas de Moscovo não vão abandonar a central nuclear de Zaporíjia, que ocupam desde março.
  • O ministro dos Negócios Estrangeiros da Ucrânia, Dmytro Kuleba, ridicularizou a viagem de Putin sobre a ponte da Crimeia. “Há nove meses Putin queria destruir a Ucrânia numa questão de dias. Hoje está feliz a conduzir um carro pela ponte que construiu ilegalmente há muito tempo atrás”, escreveu no Twitter. Segundo Kuleba, as “ambições agressivas” do líder russo diminuíram: “A Ucrânia vai garantir que vão encolher ainda mais até caberem nas fronteiras da Rússia”.

  • O “inverno ainda agora começou”. Este foi o aviso que o ex-presidente russo Dmitry Medvedev deixou ao Ocidente num dia marcado por novos ataques aéreos na Ucrânia.
  • O Ministério Público russo exigiu que o tribunal condene a nove anos de prisão o opositor do regime Ilya Yashin, detido por ter criticado a ofensiva militar na Ucrânia, afirmaram os seus defensores.
  • Os novos ataques russos no território ucraniano recordam a “brutalidade” do Presidente Vladimir Putin, afirmou John Kirby,, porta-voz do Conselho Nacional de Segurança.

O que aconteceu durante a tarde?

  • Os Estados Unidos modificaram os HIMARS enviados para a Ucrânia para que não possam ser usados para lançar mísseis de longo alcance para a Rússia, avançou o Wall Street Journal.
  • O governador de Kiev revelou que 40% da região ficou sem eletricidade após os novos ataques aéreos russos na Ucrânia. Algumas infraestruturas foram atingidas, mas não foram registados “consequências críticas”.
  • A Rússia lançou novos ataques no território da Ucrânia e, segundo a Força Aérea, foram intercetados mais de 60 dos cerca de 70 mísseis lançados pelas forças russas durante esta segunda-feira. Os bombardeamentos atingiram infraestruturas críticas, referem.
  • A polícia espanhola apreendeu três novos pacotes com olhos de animais dirigidos à embaixada da Ucrânia em Madrid, ao consulado ucraniano em Barcelona e Málaga, avança o El Espanol. A notícia é divulgada depois de na semana passada vários pacotes semelhantes terem sido entregues em embaixadas ucranianas de vários países europeus, incluindo a de Madrid. Antes disso, seis instituições espanholas também já tinham recebido envelopes que continham material explosivo.
  • A União Europeia está a planear impor restrições à indústria de drones da Rússia no seu próximo pacote de sanções, que deverá ser aprovado na próxima semana. A notícia é avançada pela Bloomberg, que cita fontes familiares com o assunto.

  • O Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, afirmou que os sistemas de defesa anti-aérea ucranianos destruíram a maioria dos mísseis disparados pelas forças russas durante o dia.
  • A empresa nacional de energia da Moldova, Moldelectrica, indicou hoje que o sistema elétrico do país está a sofrer perturbações após uma nova vaga de ataques de mísseis russos contra a vizinha Ucrânia.
  • O Presidente russo Vladimir Putin deslocou-se esta segunda-feira à ponte da Crimeia parcialmente destruída em outubro num ataque, na sua primeira visita à península anexada desde o início da ofensiva na Ucrânia, indicaram os media russos.

  • O fornecimento energético foi cortado na cidade de Mykolaiv devido ao risco de novos bombardeamentos pelas forças russas, informou o presidente da câmara. Várias cidades ficaram sem luz elétrica na sequência dos ataques russos desta segunda-feira.

O que aconteceu durante a manhã?

  • As duas explosões aconteceram horas antes de as sirenes de aviso de ataques aéreos terem disparado em quase toda a Ucrânia. Os ataques russos desta segunda-feira provocaram explosões em pelo menos cinco regiões ucranianas e pelo menos duas pessoas morreram.
  • O porta-voz da Força Aérea da Ucrânia apontou que o ataque massivo russo aconteceu logo após a explosão em Engels, mas admitiu a possibilidade de os dois incidentes não estarem ligados, citou a agência de notícias Interfax. O mesmo responsável colocou a hipótese de outros bombardeamentos virem a acontecer esta segunda-feira.
  • O comandante das forças armadas terrestres da Rússia afirmou na televisão estatal russa que estão a chegar soldados melhor treinados à frente de batalha. Oleksander Syrskyi declarou que a mais recente mobilização russa aumentou a ameaça militar na Ucrânia, mas admitiu que a situação na frente permanece complicada, com a Rússia a ter dificuldades em reabastecer-se.
  • Nos últimos meses, o número de missões diárias realizadas pela Força Aérea da Rússia na Ucrânia “reduziu significativamente”, com os russos a fazerem “dezenas de missões por dia” em vez das 300 registadas em março em 2022, revelou o Ministério da Defesa do Reino Unido na mais recente atualização sobre a guerra na Ucrânia.
  • Em entrevista ao Financial Times, Volodymyr Zelensky, que foi eleito “Personalidade do Ano” pelo jornal económico, recusou que fosse corajoso, dizendo que é “mais responsável” e que odeia desiludir pessoas. Zelensky revelou ainda durante a mesma conversa que tentou várias vezes entrar em contacto com Vladimir Putin antes do início da guerra, mas que o Presidente russo recusou sempre atender as suas chamadas.
  • O Alto Comissário para os Direitos Humanos das Nações Unidas esteve na Ucrânia para “ouvir em primeira mão sobre as crianças deportadas, os civis torturados e os prisioneiros de guerra executados”, disse o deputado ucraniano Oleksandr Korniyenko, que partilhou no Twitter algumas fotografias da visita de Volker Türk.
  • O chanceler alemão, Olaf Sholz, disse que o Ocidente deve evitar uma nova Guerra Fria e “dividir outra vez o mundo em dois blocos”. “Isso significa fazer todos os esforços para construir novas parcerias, de forma pragmática e sem cegueiras ideológicas”, defendeu, citado pelo The Guardian.
  • Portugal atribuiu até esta segunda-feira mais de 55 mil proteções temporárias a pessoas que fugiram da guerra na Ucrânia e cerca de um quarto foram concedidas a menores, informou o Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF).