Portugal está longe de atingir uma economia do bem-estar, segundo uma avaliação da associação ambientalista Zero, que indica haver “ainda muito por fazer” no combate às desigualdades, na mudança de modelo económico ou na eficiência do uso de recursos.

A análise faz parte da “1.ª avaliação sobre economia do bem-estar em Portugal” que a associação apresentou neste dia, baseada na análise de indicadores sobre oito eixos considerados estratégicos: organização da sociedade, educação e capacitação; economia; trabalho; saúde; energia, edifícios e mobilidade; recursos naturais e território e instrumentos financeiros.

O desempenho de Portugal foi comparado com a média da União Europeia ou com a média da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE), dependendo da fonte dos indicadores.

“De uma forma global, podemos dizer que o desempenho de Portugal deixa muito a desejar em todos os eixos estratégicos, onde há ainda muito a fazer, seja na componente do combate às múltiplas desigualdades — de rendimento, de género, de acesso à informação, à educação, à saúde e à qualidade de vida — seja no estímulo a um modelo económico diferente, onde outras formas de economia – locais, sustentáveis, partilhadas, inclusivas – são potenciadas”, resume a associação em comunicado.

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Na eficiência e circularidade no uso dos recursos Portugal está “muito abaixo da média” da União Europeia, deixando a economia mais exposta à volatilidade dos mercados internacionais. E, acrescenta a Zero, apesar do bom desempenho nas energias renováveis há ainda “uma fortíssima dependência energética do exterior (65,2%)”.

A associação considera que o Pacto Ecológico Europeu, para levar a que a economia da União Europeia seja sustentável, é “uma oportunidade que pode e deve ser aproveitada” para transformar o atual modelo de desenvolvimento económico e social “numa Economia do Bem-Estar”.

Ao contrário do atual modelo económico, de crescimento contínuo, a Economia do Bem-Estar procura responder às necessidades fundamentais e prioridades das pessoas, e assenta em cinco necessidades, uma delas a dignidade, em que todos têm o necessário para viver com conforto, segurança e felicidade.

Assenta também na natureza, com um planeta saudável, na promoção do bem comum, na justiça e na participação dos cidadãos nas decisões, explica também a associação ambientalista.

Pretende-se, que Portugal adira à parceria de Governos para uma Economia do Bem-Estar, que já conta com países como a Escócia, Irlanda, País de Gales, Finlândia, Islândia e Nova Zelândia.