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"The Patient": o terapeuta, o assassino em série e a mãe dele

Este artigo tem mais de 1 ano

"The Patient" está no Disney+ e mostra um processo de terapia transformado em rapto. Mas também é um lembrete: às vezes bastam pouco mais de 20 minutos por episódio para contar uma história.

Steve Carell interpreta Alan Strauss, um terapeuta que descobre num paciente o seu maior inimigo e, ao mesmo tempo, o maior desafio profissiional
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Steve Carell interpreta Alan Strauss, um terapeuta que descobre num paciente o seu maior inimigo e, ao mesmo tempo, o maior desafio profissiional

Steve Carell interpreta Alan Strauss, um terapeuta que descobre num paciente o seu maior inimigo e, ao mesmo tempo, o maior desafio profissiional

O streaming e a ausência de blocos fixos de programação tornou a duração dos episódios algo excessiva. Os quarenta minutos usuais passaram para cinquenta, os anteriores cinquenta e picos da HBO para quase uma hora, por vezes hora e picos. A antiga dinâmica de um último episódio ser transformado em dois (com cerca de hora e meia) deixou de existir e essa duração ficou algo facultativa — ou absurda — como se pode ver no caso da última temporada de “Stranger Things”. Com tanta oferta, episódios longos podem ser limitativos. Mas depois há séries como “The Patient” (Disney+), para mostrar que em episódios com pouco mais de 20 minutos se conta uma ótima história.

Se já escasseiam séries de comédia com essa duração, o que dizer então dos dramas ou, neste caso, de um thriller que acontece quase todo na divisão de uma casa, entre um terapeuta (Steve Carell), um assassino em série (Domhnall Gleeson) e, ocasionalmente, a mãe (Linda Emond) deste último. A premissa desafia – e entusiasma. E um alívio atravessa a espinha ao finalizar o primeiro episódio de “The Patient”: há um momento de cerebral de “epá, isto até foi curtinho e soube bem”. Atente-se: o tempo não define a qualidade. Contudo, em épocas de excesso, torna-se inevitável valorizar quem se preocupa em contar a história na duração certa e menos preocupada em quanto tempo o espectador passa em frente do ecrã a ver o seu conteúdo.

[o trailer de “The Patient”:]

Joel Fields e Joe Weisberg (este último é o criador de “The Americans”) domina essa arte. O primeiro episódio é curto e duro e fica-se pelo essencial, apresenta ao espectador as bases. Há um terapeuta preso na divisão de uma casa. Como chegou ali? Vai-se um pouco ao passado, conta-se que Alan Strauss (Carell) passou por um trauma familiar recente e que, antes disso, as coisas não andavam bem na família. Vê-se o terapeuta com alguns pacientes. Um deles é constante, Sam Fortner (Gleeson), que não perde tempo em colocar na mesa que tem problemas com o pai. Tirando isso, tudo o que releva nos excertos das sessões parece mentira, dá-nos a ideia de que está a encobrir algo. E está, o final do episódio revela isso.

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Sam rapta o terapeuta. Enfia-o numa divisão da sua casa, acorrenta-o e quer que este o ajude a parar de matar. As sessões não o têm ajudado, porque continua a ter vontade de o fazer. Aliás, revela que já tem um alvo em vista e que uma das razões para trazer o seu terapeuta para aquela situação é para o ajudar a não fazer. Ao longo dos nove episódios seguintes o cenário é este, sobrevivência numa divisão misturada com sessões de terapia, onde acontece uma inversão dos papéis habituais da terapia.

Dentro deste esquema simples, “The Patient” foge ao óbvio. O assassino em série não procura simpatia e o espectador nunca terá simpatia por ele. Tudo é feito para que isso aconteça, o fator de criança afetada pelo tratamento do pai nunca entra como elemento de amenização, apenas como um elemento de procura de razões durante o processo do terapeuta. O assassino já teve uma vida com aparente normalidade – foi casado – e agora vive com a mãe. A mãe, que por vezes surge em cena, apesar de ser uma pobre coitada ali  no meio, também não é um elemento criador de simpatia.

A situação vai-se revelando num carácter episódico, sem pressas, quase como se não houvesse tempo para lidar com várias coisas ao mesmo tempo. O problema é que cai muito na dinâmica “problema surge no final do episódio / resolve-se no próximo”

Talvez essa seja a maior valência de “The Patient”. Sam apresenta-se como um verme, é um verme e nunca é outra coisa. A terapia não o humaniza, nem serve para criar simpatia com o espectador, apenas para reforçar o quão odiável e desprezável é. Não se procuram desculpas nem respostas. Até nisso “The Patient” inverte tendências, é mais sobre a situação do que sobre as personagens. E essa voltinha na tradição narrativa dá-lhe trunfos.

A situação vai-se revelando num carácter episódico, sem pressas, quase como se não houvesse tempo para lidar com várias coisas ao mesmo tempo. O problema é que cai muito na dinâmica “problema surge no final do episódio / resolve-se no próximo” e apesar de estarmos a falar de apenas dez episódios, esta característica começa a pesar a meio da série: o efeito novidade perde-se, a fórmula mostra mais repetição do que evolução. Apesar disso, não cai na tentação de humanizar Sam. Essa constante faz aguentar “The Patient” até ao fim com um elenco credível em cada um dos seus papéis. No final, um piscar de olho às dinâmicas de outro tempo: o último episódio é mais longo do que o habitual. Um duplo episódio à antiga (com cerca de 45 minutos), ainda assim com menor duração do que a maioria dos episódios das séries dramáticas que chegam hoje aos serviços de streaming.

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