O governo iraniano anunciou, na quinta-feira, a primeira execução relacionada com os protestos que assolam o país há três meses. O condenado, Mohsen Shekari, era um jovem de 23 anos, que terá bloqueado uma rua em Teerão e agredido um membro da milícia paramilitar Bajir com um machete.

Segundo a agência de notícias iraniana Mizan, Shekari foi detido no dia 25 de setembro e condenado no dia 20 de novembro pelo Tribunal Revolucionário de Teerão, sendo acusado de realizar uma “guerra contra Deus” e por “espalhar a corrupção na Terra”, duas acusações que, no Irão, são consideradas delitos graves contra o Islão e a segurança pública nacional e que, por isso, levam a uma sentença de morte automática.

Mahmood Amiry-Moghaddam, diretor da organização Iran Human Rights, apelou à comunidade internacional, no Twitter, para condenar a execução de forma forte e assertiva, afirmando que se isso não acontecesse “estaremos perante execuções diárias de manifestantes”.

O ativista, citado pela CNN, disse ainda que Shekari foi executado num processo injusto, sem acesso a um advogado da sua escolha num “julgamento de fachada”, realizado pelo Tribunal Revolucionário.

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De acordo com o The New York Times, a sentença foi anunciada numa semana em que negócios, lojas e bazares um pouco por todo o país se uniram numa das maiores greves registadas nas últimas décadas, em solidariedade para com os protestos que exigem o fim do governo islâmico autoritário que governa o Irão desde 1979.

Gholamhosein Mohseni Ejei, responsável pelo poder judicial do Irão, já tinha confirmado, na segunda-feira, que as condenações de alguns manifestantes seriam “aplicadas em breve”. Segundo a Agência Lusa, pelo menos 21 pessoas podem vir a ser condenadas à morte pela sua participação nas manifestações.

Poder judicial anuncia que alguns manifestantes vão ser executados no Irão