A presidente do Banco Central Europeu (BCE), Christine Lagarde, pediu hoje aos bancos da zona do euro para criarem “provisões adequadas” e planearem a utilização dos seus capitais com “prudência” por causa da crise.

Falando na conferência anual do European Systemic Risk Board (ESRB), Lagarde disse que os bancos “devem estar vigilantes sobre os riscos de crédito e permanecer vigilantes para possíveis erros nos seus modelos internos à medida que o ambiente de risco evolui”.

Lagarde, que também preside o ESRB, que é um grupo que foi criado em 16 de dezembro de 2010 para dar resposta à crise financeira em curso, também alertou para os problemas enfrentados pelos fundos do mercado monetário, que podem igualmente fornecem crédito à economia real e estão altamente ligados ao restante do sistema financeiro, incluindo os bancos.

Estes fundos sofreram um “stresse agudo de liquidez” em março de 2020 após o surgimento da pandemia de covid-19, o que “reflete desequilíbrios estruturais de liquidez”, segundo a presidente do BCE.

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Os fundos do mercado monetário oferecem liquidez para a procura dos investidores, enquanto estes investem em ativos menos líquidos, adiantou.

Lagarde lembrou ainda que a recente turbulência nos mercados de títulos do Reino Unido mostrou a importância dos fundos do mercado monetário como veículos de gestão de caixa.

Por esse motivo, o ESRB recomenda a rápida implementação da legislação para que esses fundos ajudem a melhorar a capacidade do sistema financeiro a resistir a choques.

Lagarde também pediu uma regulamentação para os criptoativos pelos riscos que podem gerar para o sistema financeiro, embora até agora o impacto dos episódios como a queda acentuada de 75% durante um ano do preço da “bitcoin”, depois de ter atingido o máximo em novembro de 2021, foi contida.

Pela primeira vez, a União Europeia (UE) aprovou pela primeira vez um quadro regulamentar para os criptoativos, os emitentes de criptoativos e os prestadores de serviços de criptoativos.

A UE chegou a um acordo provisório sobre a proposta de regulamento relativo aos mercados de criptoativos (MiCA), que abrange os emitentes de criptoativos não apoiados e das chamadas “criptomoedas estáveis”, e bem assim as plataformas de negociação e as carteiras em que os criptoativos são mantidos.

Este quadro regulamentar deverá proteger os investidores e preservar a estabilidade financeira, permitindo simultaneamente a inovar e promover a atratividade do setor dos criptoativos.

Tal proporcionará uma maior clareza na União Europeia, uma vez que alguns Estados-membros já dispõem de legislação nacional em matéria de criptoativos, mas ainda não existia um quadro regulamentar específico a nível da UE.