O Presidente eleito do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, prestou esta quarta-feira solidariedade à vice-Presidente da Argentina, Cristina Kirchner, condenada no seu país num processo sobre corrupção.

“Minha solidariedade à vice-Presidente da Argentina, @CFKArgentina. Vi sua manifestação de que é vítima de lawfaree sabemos bem aqui no Brasil o quanto essa prática pode causar danos à democracia. Torço por uma justiça imparcial e independente para todos e pelo povo da Argentina”, escreveu Lula da Silva, na rede social Twitter.

Segundo o futuro Presidente brasileiro, Kirchner estará a ser vítima de lawfare, termo em inglês utilizado para falar do uso de procedimentos judiciais para fins políticos fazendo referência indireta as condenações judiciais impostas contra si no âmbito das investigações da operação Lava Jato e que foram depois anuladas pelo Supremo Tribunal Federal (STF) do Brasil.

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Cristina Kirchner foi condenada na última terça-feira por fraude e corrupção durante os seus mandatos presidenciais. O Ministério Público da Argentina tinha exigido 12 anos de prisão para Kirchner, que sempre negou qualquer irregularidade e denunciou ter sido alvo de um julgamento “político”.

Cristina Kirchner, vice-Presidente da Argentina, condenada a seis anos de prisão em caso de corrupção

Um painel de três juízes considerou Kirchner culpada de fraude, mas rejeitou a acusação de dirigir uma organização criminosa, que evitou uma pena mais gravosa.

Esta é a primeira vez que um vice-Presidente argentino é condenado por um crime durante o seu mandato.

A ex-Presidente, que por agora goza de imunidade até dezembro de 2023 devido ao seu cargo no executivo, tem direito de recorrer da sentença aos tribunais superiores, um processo que pode demorar anos.

O tribunal também condenou a seis anos de prisão Lázaro Báez, o ex-secretário de Obras Públicas José López e o ex-chefe da Direção Nacional de Estradas, Nelson Periotti.

Por outro lado, o tribunal absolveu Julio De Vido, ministro do Planeamento da Argentina entre 2003 e 2015, Abel Fatala, ex-subsecretário de Obras Públicas da Argentina, e Héctor Garro, ex-presidente da Agência Provincial de Estradas de Santa Cruz.

A Procuradoria da Argentina estima em 5.321 milhões de pesos (cerca de 31 milhões de euros) a quantia arrecadada de forma ilegal pela rede, em que também estaria envolvido o falecido marido de Cristina, Néstor Kirchner, e ex-membros do Governo como o ex-ministro Julio de Vido.