Roberta Metsola, presidente do Parlamento Europeu, disse, esta segunda-feira, que a instituição que chefia está “sob ataque”, assim como “a democracia europeia” e as “sociedade democráticas abertas”. Um juiz belga ordenou a detenção da vice-presidente Eva Kaili, deputada da bancada dos Socialistas Europeus (S&D), juntamente com outras três pessoas – incluindo o seu companheiro, o italiano Francesco Giorgi – pela suspeita de participação em organização criminosa, branqueamento de capital e corrupção. Em causa, estaria um lóbi ilegal do Qatar para influenciar decisões políticas do Parlamento Europeu.

Em reação à detenção da vice-presidente da instituição comunitária, Eva Kalli, Roberta Metsola indicou, “sem exagero”, que “estes foram os dias mais longos” da sua carreira. “Devo escolher as minhas palavras cuidadosamente para não prejudicar as investigações e manter a presunção da inocência”, afirmou.

Sentindo “fúria, raiva e dor” e estando “muito desapontada” pelo que aconteceu, Roberta Metsola referiu, no plenário do Parlamento Europeu, que existem “inimigos da democracia” a quem “a existência” do Parlamento Europeu incomoda. “Estes atores malignos instrumentalizaram indivíduos e membros para os seus planos malévolos”, denunciou a presidente, acrescentando, no entanto, que os seus “planos falharam”.

A responsável comunitária sublinhou que o Parlamento está a trabalhar com as autoridades, para “garantir que todos os passos legais foram respeitados” e para responsabilizar a alegada “rede criminosa”. A detenção de Eva Kalli não foi, no entanto, o “fim da estrada”. “Vamos continuar a apoiar as investigações em conjunto com as instituições da UE.”

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Para além disso, Roberta Metsola pediu para que ninguém obtenha qualquer aproveitamento político do caso: “Não existem norte, sul, nem esquerda, nem direita”. “É uma ameaça para todos.”

Este será um “teste aos valores” da União Europeia, que será “superado”. “Não haverá impunidade”, declarou Roberta Metsola, que se manifesta “orgulhosa” do papel das autoridades. A presidente também assegurou que “nada será varrido para debaixo do tapete”. “Não haverá mais business as usual.”

Assim sendo, Roberta Metsola anunciou que será levado a cabo uma investigação interna para entender melhor as ligações entre países terceiros, as Organizações Não Governamentais e a União Europeia, aumentando-se a “transparência”. No entanto, a responsável comunitária diz que vai haver sempre quem considere que um “saco de dinheiro vale a pena o risco”: “O que é essencial é que estas pessoas entendam que serão apanhadas”.

No final do discurso, Roberta Metsola salientou — tendo como destinatários os “atores malignos” — que a Europa “não está à venda”