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A região de Lisboa amanheceu inundada e em alerta vermelho, com avisos de agravamento ao início da tarde e pedidos da Proteção Civil para que a população não se deslocasse para a cidade: “Restrinjam ao máximo a circulação.” No arranque do dia foram muitas as pessoas que tiveram de voltar para trás, por encontrarem estradas fechadas e algumas escolas da região não chegaram sequer a abrir. “Evitem vir para Lisboa, situação vai ser caótica”, avisava o presidente da CML na rádio Observador.

As primeiras horas do dia foram caóticas para quem tentou entrar em Lisboa, com a Câmara a dar conta do alerta vermelho precisamente à hora em que começa a maior agitação rumo à cidade: sete da manhã. Por essa altura, à Rádio Observador, o Ministério da Educação ainda hesitava sobre o encerramento das escolas, falando num “levantamento” sobre as condições de funcionamento. Mais tarde, o presidente da CML veio dizer que o Governo tinha decidido “não dar já esse sinal de encerramento das escolas”, mas as ausências do dia de hoje contariam com flexibilidade para quem viesse de mais longe.

Ainda assim, muitas das escolas da região de Lisboa acabaram mesmo por usar a autonomia para decidir, mantendo portas fechadas. Em Oeiras, o presidente da Câmara tomou essa mesma decisão sobre as escolas básicas, mas a Secundária de Oeiras, por exemplo, já estava fechada mesmo antes do anúncio de Isaltino Morais, com os auxiliares a mandarem os alunos de volta para casa. O autarca também apelou a que os oeirenses voltassem para casa, devido ao agravamento das condições previsto para o início da tarde.

A chuva intensa da madrugada deixou vários acessos condicionados, como a CRIL que liga por exemplo a A5 à Segunda Circular. Nessa via, um carro ficou atolado e os dois ocupantes tiveram de ser hospitalizados na sequência de um aluimento de terras junto ao acesso para a A5, circulando-se apenas no sentido Algés-Sacavém.

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A água na estrada da Pimenteira, por baixo do viaduto Duarte Pacheco, só escoou mais tarde, deixando um cenário de lama e pedras espalhadas por toda a via que, mesmo sem água, se mantinha intransitável. Durante a madrugada, tinha estado inundada e um carro ficou mesmo parado na estrada, obrigando a condutora a sair pela janela (ver imagens mais abaixo).

A lista de estradas intransitáveis ou de acesso condicionado manteve-se extensa e incluía o acesso ao Eixo Norte Sul, a Radial de Benfica, a Avenida Infante D. Henrique, junto ao Túnel Batista Russo, os túneis do Campo Pequeno e Campo Grande ou a Avenida 24 de Julho até Belém. Algumas estações de metro da cidade tiveram de ser fechadas e a CP suspendeu a circulação na linha do Norte, nomeadamente os troços Sacavém-Alverca ou Campolide-Benfica, por exemplo. Também a linha de Cascais foi suspensa, entre o cais Sodré e Oeiras e muitos serviços da Carris foram cancelados. Um cenário de “caos” como descreveu o próprio presidente da Câmara de Lisboa de manhã.

Pelas dez da manhã, algumas das restrições foram levantadas, mas ainda se mantinha maioria, com a suspensão da circulação na Linha de Sintra entre Campolide e Benfica, na Concordância de Xabregas entre a Bifurcação Chelas e Lisboa Santa Apolónia e na Linha de Cascais entre Cais do Sodré e Oeiras, segundo a Infraestruturas de Portugal.

Aspeto da Estrada da Pimenteira esta manhã

Mesmo na autoestrada que liga Cascais a Lisboa (a A5), eram muitos os troços com lençóis de água a dificultar a circulação e na marginal o mesmo cenário, com as autoridades a mandarem mesmo os automobilistas para trás. No Alto da Boa Viagem estavam bombeiros a ajudar carros a fazer a travessia de um verdadeiro rio que corria pela estrada.

Na baixa de Algés, imagens semelhantes de água barrenta, sarjetas a deitar água e muitos detritos espalhados por toda a parte. Os repórteres do Observador no terreno deram conta disso mesmo e até veículos, como motas, caídos e arrastados pela força da água.

Desalojados e água acima das janelas na baixa de Algés

Várias pessoas ficaram desalojadas, nesta zona, perdendo o que tinham em casa. Durante a madrugada a água subiu mais 30 centímetros, em relação ao que tinha acontecido na madrugada de quarta-feira. Em algumas casa da zona baixa de Algés tinham água acima das janelas e em alguns casos os moradores ficaram retidos no primeiro andar. Também várias lojas voltaram a  sofrer inundações, voltando a perder o pouco que restou de quarta-feira.

Loja da baixa de Algés. FOTOGRAFIA JOÃO PORFÍRIO

Tal como na última cheia, na semana passada, hospital São Francisco Xavier voltou também a registar uma inundação, com fonte oficial do hospital a explica à rádio Observador durante a manhã que o piso -1 ficou alagado por causa da chuva, com a situação ser resolvida já durante a manhã e as urgências a funcionarem com normalidade.

No Dafundo, um juro caiu na Rua Sacadura Cabral, junto às antigas instalações da Junta de Freguesia.

Em Alcântara o mesmo cenário. O presidente da Junta de Freguesia Davide Amado falou em 16 pessoas retiradas das habitações durante a madrugada e em trabalhos para retirar a água de dentro das habitações durante a manhã. “Ainda é cedo para avaliar dimensão do problema”, disse o autarca à rádio Observador.

Em Santa Clara, junto ao Lumiar, houve um deslize de terras que impediu dez moradores de saírem de casa. No local estão bombeiros e Proteção Civil.

Já em Loures, outra zona muito afetada pela chuva intensa, cerca de 30 cães foram resgatados pelo IRA (Intervenção e Resgate Animal), segundo a CNN Portugal, que mostrou imagens do resgate. O IRA tem estado “em colaboração” com a Proteção Civil de Loures e os bombeiros de Camarate para ajudar em situações que envolvem animais.

Nem só de carro a travessia foi difícil ou até mesmo impossível. Na zona mais baixa do centro de Oeiras, junto à ribeira da Lage, por exemplo, a água da chuva cobria toda a estrada e o Jardim de Oeiras estava igualmente inundado, como mostram algumas das imagens enviadas ao Observador por locais:

Jardim de Oeiras inundado

Em Alcântara e em Algés os bombeiros retiraram a água, intensificando os trabalhos de manhã perante a perspetiva de agravamento do estado do tempo nas horas seguintes e também o período de maré alta.