Durante cerca de dez segundos foi possível ouvir um remoinho de poeira a deslizar pela superfície de Marte. O robô que gravou o som do fenómeno foi o Rover Perseverance – lançado para o espaço dia 30 de julho de 2020.

De acordo com o Mail Online, o Rover da NASA estava com o microfone ligado quando um remoinho se fez sentir, registando pela primeira vez o seu barulho. Com o áudio divulgado esta terça-feira, é possível escutar os ventos a soprar e a poeira a atingir o exterior do robô. O fenómeno já havido sido fotografado diversas vezes em Marte, mas nunca ouvido.

O remoinho de poeira registado tem mais de 118 metros de altura e cerca de 25 metros de largura – cerca de dez vezes mais largo do que o Rover. Os cientistas revelaram ainda que a velocidade foi de 40 km/h, explodindo areia e partículas à medida que avançava.

Remoinhos de poeira são comuns em Marte e indicam áreas de turbulência atmosférica. Contudo, como o microfone do Rover Perseverance apenas fica ligado durante cerca de três minutos por dia, foi só dia 27 de setembro de 2021 que o som de um remoinho de poeira foi captado pela primeira vez.

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Quando o robô gravou o som, imagens foram capturadas pela câmara de navegação do Rover (Navcam), pois este instrumento do tamanho de um carro está equipado com 23 câmaras que o ajudam a navegar, a avaliar a sua segurança e a recolher dados visuais de objetos próximos e distantes. Para além das imagens e do som conseguidos, foram realizadas leituras da pressão do ar.

Como explica o Mail Online, “uma dessas câmaras é a Supercam — um conjunto de ferramentas localizado na ‘cabeça’ do Perseverance e que contém instrumentos científicos, câmaras e um microfone”, que “regista quase 100.000 amostras por segundo”, dando aos pesquisadores uma noção mais forte das condições ambientais em Marte.

A equipa analisou todos os dados conseguidos pelo Perseverance e as descobertas foram publicadas esta terça-feira na  Nature Communications. Revelaram que o remoinho de poeira não é uma ameaça assim tão grande como alguns dos que já experimentámos no planeta Terra. O Dr. Roger Wiens, investigador principal da SuperCam do Perseverance, explica que “a diferença é que a pressão do ar em Marte é muito menor do que os ventos […]. Um alívio para os futuros astronautas, pois podem ter a certeza de que não terão de enfrentar ventos fortes enquanto exploram o planeta”, citado pelo Email Online.

Depois de uma viagem de quase sete meses pelo espaço, o Rover Perseverance da NASA pousou na Cratera Jezero, em Marte no dia 18 de fevereiro de 2021. Desde então, tem procurado sinais de vida antiga, colhendo amostras de rochas e regolito para possível retorno ao planeta Terra.