Na época propícia ao crescimento das mesmas, as tulipas pintam planícies delimitadas pela linha do horizonte em que o sol se põe. O novo treinador do Vizela, tem o nome dessa flor, mas nem por isso coloriu o que quer que seja na noite desta quarta-feira. Tulipa assumiu o lugar de Álvaro Pacheco no comando técnico dos vizelenses. Se a boina do antigo treinador do adversário dos dragões é a sua imagem de marca, a verdade é que o FC Porto é que fez uma exibição de se lhe tirar o chapéu.

O guarda-redes do Vizela, Buntic, teve o mundo aos seus pés. Quando julgava que era só seu, perdeu-o. Toni Martínez (1′) aproveitou para lhe roubar os pertences e, num gesto altruísta, dividiu os lucros obtidos com os seus colegas, o que levou a um festejo conjunto depois de um golo que demorou 46 segundos a ser anotado. Buntic tentou sair a jogar, mas a pressão do avançado espanhol foi mais eficaz. O jogador dos dragões ficou com a bola que o croata demorou muito a despejar na frente e abriu o marcador. Proezas de Speedy Martínez.

Adiantava-se o FC Porto evitando fazer contas para se apurar no grupo A da Taça da Liga. Na verdade, pontuar podia ser suficiente – ficaria a depender dos outros resultados – e os azuis e brancos alugavam quartos para seguir em frente na prova. Por sua vez, o Vizela tinha que vencer os dragões e aguardar por aquilo que o Mafra fizesse em Chaves para alimentar a possibilidade de avançar na competição.

Retirando o erro da equação, o Vizela revelou capacidade para ter a bola no primeiro tempo. Mesmo que a base das dinâmica coletivas fosse o 4-2-3-1, com Claudemir a baixar entre os centrais no início da construção, a equipa saía para jogo em 3-4-3 e foi descobrindo linhas de passe para desbloquear a estrutura do FC Porto. À direita, os vizelenses tinham no critério de Kiko Bondoso e na técnica de Alex Méndez, que partindo do centro, descaía mais sobre o flanco destro, soluções recorrentes para partir para o ataque. Do outro lado, Nuno Moreira fazia-se valer da verticalidade para projetar o Vizela. A defender, a equipa organizava-se em 4-4-2.

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O FC Porto tornou Pepê num Otávio 2.0. Vindo da direita, o extremo procurou receber a bola no corredor central. Em compensação, o lateral-direito, João Mário, teve via verde para avançar. À esquerda, Galeno preferiu permanecer aberto junto à linha. Danny Loader jogou como segundo avançado, promovendo ligações interiores, enquanto Toni Martínez fixava a linha defensiva ou fazia-a recuar com movimentos de ataque à profundidade que tornavam o 4-4-2 portista muito perigoso.

As forças até se iam equilibrando. Os dragões não conseguiam exercer um domínio avassalador. No entanto, o plano de jogo dos dois treinadores foi descaracterizado com um golo tão cedo e tudo o que Sérgio Conceição e Tulipa tinham pensado para a partida teve que ser reformulado. O Vizela passou a ter que mostrar mais e o FC Porto teve oportunidade de adotar uma atitude expectante. Nunca os portista adormeceram ao ponto de acordarem com um pesadelo.

De sonho foi o início de segunda parte dos azuis e brancos. Com um golo sofrido no início do primeiro tempo, o erro não serviu de emenda ao Vizela. Mal arrancaram os segundos 45 minutos e estava anotado mais um golo para o FC Porto. Desta vez, Galeno (48′) esgueirou-se entre o central e o lateral e deu um jeito para a baliza de Buntic que viria a sofrer bastante daí para a frente. Pouco depois, Wendell (58′) marcou num livre de laboratório em que a mistura das substâncias foi feita nas quantidades certas. Sem atirar a toalha ao chão, mas com ela a servir apenas para atar os pés, o Vizela passou arrastar-se. As dificuldades de locomoção não deixavam a equipa andar para a frente e, para trás, também não era fácil. Kiki Afonso bem tentou acompanhar Evanilson, mas derrubou o avançado brasileiro pelas costas na grande área. Taremi (67′) converteu o penálti que selou o 4-0 final.

O FC Porto conseguiu assim garantir o acesso aos quartos de final da Taça da Liga, troféu que nunca venceu. Os dragões recebem na quarta-feira o Gil Vicente, às 20h15, num jogo em que podem garantir um lugar na Final Four.