A coordenadora do BE, Catarina Martins, defendeu esta segunda-feira que, com “menos de 5% da folga orçamental”, o Governo poderia “apoiar todas as estruturas culturais que tiveram boa avaliação” nos concursos de apoio sustentado, evitando assim que estas fechem portas.

“É incompressível que o ministro da Cultura não tenha ouvido estas estruturas. Estamos a falar de estruturas muito afirmadas no nosso país, muito bem avaliadas por júris que estão a fechar as portas e o ministro da Cultura nem sequer as ouviu para saber o que é que está a acontecer”, disse aos jornalistas Catarina Martins depois de se ter reunido com 13 agentes culturais na sede do BE, em Lisboa.

Segundo a líder do BE, “menos de 5% da folga orçamental que o Governo já anunciou que tem chegavam para apoiar todas as estruturas que tiveram boa avaliação por parte dos júris em todas as áreas artísticas e em todo o território nacional, nas mais diversas modalidades de apoio”, o que protegeria “não só o acesso à cultura, mas também estas largas dezenas de postos de trabalho que neste momento estão em causa”.

Um reforço de dotação orçamental relativamente pequeno – menos de 5% da folga orçamental que o Governo tem neste momento – serviria seguramente para que todas estas estruturas pudessem continuar o seu trabalho, numa altura em que depois da pandemia, Portugal corre o risco de ver algumas das suas estruturas mais importantes, que trabalham em todo o território, fechar”, avisou.

Catarina Martins questionou o porquê do ministro da Cultura, Pedro Adão e Silva, não ter ouvido estas estruturas para que lhe explicassem “quais são os danos em Portugal desta decisão absurda de abrir um concurso com uns critérios que não tem depois financiamento para cumprir os próprios critérios que o Governo decidiu”.

“Achar que a política cultural se resolve com relações públicas é um erro. Resolve-se com uma visão para o país emancipatória, de cultura, de criação, de arte e resolve-se com orçamento e é isso que falta”, respondeu aos jornalistas.

Para a líder do BE os ministros podem rodar, “mas se não houver a compreensão de que a Cultura é também um serviço público que faz o país, é também qualificação, é também desenvolvimento, é também democracia e se não houver os meios, nomeadamente orçamentais para que o país possa funcionar, tudo o resto é um péssimo número de propaganda”.

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