A ministra da Coesão Territorial, Ana Abrunhosa, defendeu esta terça-feira a necessidade de um equilíbrio entre proteção da biodiversidade e investimento económico no litoral alentejano, áreas que têm que “andar de braço dado” em prol do território.

“Não podemos fazer investimento a qualquer custo, mas também os territórios só estarão preservados e protegidos se houver uso desses territórios”, afirmou à agência Lusa a governante, à margem de uma cerimónia realizada em Alcácer do Sal, no distrito de Setúbal.

Segundo Ana Abrunhosa, deve haver “um uso humanizado e sustentável” do território e a defesa da biodiversidade e o investimento económico não são áreas antagónicas, nem sequer no litoral alentejano, onde têm surgido algumas polémicas que opõem estes dois setores.

“As duas coisas andam sempre ligadas, não podem é estar separadas, ou seja, quem defende o ambiente e quem defende a biodiversidade não pode estar contra o investimento, mas os investidores podem e devem investir cuidando ao mesmo tempo da água, do solo, do ambiente e da biodiversidade”, sustentou.

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A ministra falava à Lusa após presidir à cerimónia de apresentação pública da Estratégia Regional do Alentejo Litoral 2030, promovida pela Comunidade Intermunicipal do Alentejo Litoral (CIMAL), presidida pelo presidente da Câmara de Alcácer do Sal, Vítor Proença.

No decorrer da sessão, que contou com várias intervenções, foram apresentados, pelos respetivos promotores, dois projetos privados de investimento, um turístico e o outro agrícola.

Para a ministra, são “dois exemplos paradigmáticos” do equilíbrio que defende.

“Não é pelo facto de não utilizarmos o território que ele fica protegido”, disse, aludindo aos incêndios.

“A proteção e a preservação do território implica que nós façamos uso desse território e, portanto, a preservação da biodiversidade e a sustentabilidade, que é os cuidados que temos que ter no uso do solo, no uso da água, têm que ser compatíveis com o investimento”, frisou.

Quanto à Estratégia Regional do Alentejo Litoral 2030, constituída por três objetivos estratégicos e 12 linhas de ação, Ana Abrunhosa considerou que “contém todos os ingredientes para, a partir de agora, se começarem a construir projetos concretos”, muitos dos quais “têm que reunir vários parceiros“.

“É absolutamente essencial que haja uma estratégia sub-regional que esteja alinhada com o que são os princípios ou os objetivos do desenvolvimento sustentável, com o que são os princípios que norteiam a aplicação dos fundos europeus e a estratégia também do Alentejo”, afirmou.

Melhorar a qualidade de vida e bem-estar, investir num futuro verde e sustentável e fomentar a proximidade geográfica e digital são os três objetivos da estratégia do regional.

O presidente da CIMAL, na sua intervenção, defendeu que a retenção e atração de mais pessoas para a região e a inversão do atual défice demográfico são as apostas mais importantes para os atingir.

Os cinco municípios da CIMAL (Alcácer do Sal, Grândola, Santiago do Cacém, Sines e Odemira) defendem a criação de programas que aumentem a habitação acessível, o investimento público na saúde, a melhoria de estradas e do transporte ferroviário, a aposta na transição digital e incentivos à eficiência hídrica e escassez de água, entre outras iniciativas, afirmou Vítor Proença.