Orit Strook, deputada e provável futura ministra de Benjamim Netanyahu, sugeriu que os médicos deveriam ser autorizados a recusar tratar doentes da comunidade LGBTQ+ quando sentirem que as suas crenças religiosas podem estar a ser colocadas em causa.

A proposta está a ser vista pela comunidade como uma ameaça sem precedentes aos direitos dos homossexuais. O próprio presidente de Israel, Isaac Herzog, já se viu forçado a condenar a crescente retórica anti-LGBT no país. Citado pelo  The Guardian, Herzog afirmou que “os posicionamentos racistas dos últimos dias contra a comunidade LGBTQ+ e outros setores deixam-no extremamente preocupado“. Além disso, acrescentou que esta retórica mina os “valores democráticos e morais” de Israel.

A deputada de extrema-direita Orit Strook defendeu, numa polémica entrevista, que os médicos poderiam recusar o tratamento a doentes LGBT “desde que houvesse médicos suficientes que pudessem prestar os serviços”. No entanto, após as duras críticas ao seu discurso, esta terá utilizado a rede social Twitter para explicar que se tinha referido a procedimentos médicos que podem ser censurados e não aos membros da comunidade. Como exemplo, referiu que é “inconcebível forçar um médico judeu a violar a lei judaica“.

O diretor da organização LGBTQ+Jerusalem OpenHouse for Pride and Tolerance, Alon Shachar, afirmou que estas mudanças são suscetíveis de levar as pessoas da comunidade a voltar a viver numa realidade de medo, violência e racismo.“Se estas ideias se materializarem e se tornarem em ações, vão afetar não só a comunidade gay, mas toda a sociedade israelita”, avisou Shachar, também citado pelo The Guardian.

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O futuro primeiro-ministro, Benjamim Netanyahu, prometeu que o seu governo não vai prejudicar a comunidade LGBT. Ao mesmo tempo, os membros do partido Likud excluíram alterações ao acordo de coligação já alcançado, que inclui forças mais conservadoras.

Netanyahu pretende realizar uma votação parlamentar sobre o seu novo governo já na próxima quinta-feira, dia 29 de dezembro. Os partidos do espectro direita e religiosos ganharam as eleições parlamentares no mês passado e houve grandes dificuldades para chegar a este acordo de governação que vai colocar Benjamim Netanyahu de novo como primeiro-ministro de Israel.

Netanyahu informa Parlamento que tem acordo de coligação para formar governo em Israel