Orit Strook, deputada e provável futura ministra de Benjamim Netanyahu, sugeriu que os médicos deveriam ser autorizados a recusar tratar doentes da comunidade LGBTQ+ quando sentirem que as suas crenças religiosas podem estar a ser colocadas em causa.
A proposta está a ser vista pela comunidade como uma ameaça sem precedentes aos direitos dos homossexuais. O próprio presidente de Israel, Isaac Herzog, já se viu forçado a condenar a crescente retórica anti-LGBT no país. Citado pelo The Guardian, Herzog afirmou que “os posicionamentos racistas dos últimos dias contra a comunidade LGBTQ+ e outros setores deixam-no extremamente preocupado“. Além disso, acrescentou que esta retórica mina os “valores democráticos e morais” de Israel.
A deputada de extrema-direita Orit Strook defendeu, numa polémica entrevista, que os médicos poderiam recusar o tratamento a doentes LGBT “desde que houvesse médicos suficientes que pudessem prestar os serviços”. No entanto, após as duras críticas ao seu discurso, esta terá utilizado a rede social Twitter para explicar que se tinha referido a procedimentos médicos que podem ser censurados e não aos membros da comunidade. Como exemplo, referiu que é “inconcebível forçar um médico judeu a violar a lei judaica“.
Israeli far-right lawmaker Orit Strock suggested on Sunday that she believes doctors should be able to turn down patients for religious reasons.
The comments drew backlash from Yair Lapid's outgoing government and Prime Minister-designate Benjamin Netanyahu. pic.twitter.com/M9zUAh7sMT
— Middle East Eye (@MiddleEastEye) December 26, 2022
O diretor da organização LGBTQ+Jerusalem OpenHouse for Pride and Tolerance, Alon Shachar, afirmou que estas mudanças são suscetíveis de levar as pessoas da comunidade a voltar a viver numa realidade de medo, violência e racismo.“Se estas ideias se materializarem e se tornarem em ações, vão afetar não só a comunidade gay, mas toda a sociedade israelita”, avisou Shachar, também citado pelo The Guardian.
O futuro primeiro-ministro, Benjamim Netanyahu, prometeu que o seu governo não vai prejudicar a comunidade LGBT. Ao mesmo tempo, os membros do partido Likud excluíram alterações ao acordo de coligação já alcançado, que inclui forças mais conservadoras.
Netanyahu pretende realizar uma votação parlamentar sobre o seu novo governo já na próxima quinta-feira, dia 29 de dezembro. Os partidos do espectro direita e religiosos ganharam as eleições parlamentares no mês passado e houve grandes dificuldades para chegar a este acordo de governação que vai colocar Benjamim Netanyahu de novo como primeiro-ministro de Israel.
Netanyahu informa Parlamento que tem acordo de coligação para formar governo em Israel