A ex-Spice Girl Melanie C cancelou um concerto de Ano Novo na Polónia, numa aparente demonstração de apoio à causa LGBT+. A cantora anunciou nas redes sociais que o concerto, marcado para este sábado, já não iria acontecer, e deixou uma mensagem aos seus seguidores a explicar a decisão:

Devido a algumas questões que chegaram à minha atenção, e que vão contra comunidades que apoio, lamento informar que já não vou poder atuar na Polónia como estava planeado na noite de passagem de ano”, pode ler-se na curta declaração.

Apesar de as “comunidades” referidas não terem sido especificadas, o anúncio está a ser encarado como uma demonstração de apoio à comunidade LGBT+ e crítica das posições do governo e das autoridades polacas.

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O evento em que a cantora iria atuar está a ser organizado pela televisão estatal, a TVP, descrita pela ONG Repórteres Sem Fronteiras como um “instrumento de propaganda do governo”. De acordo com a BBC, a emissora polaca afirmou que Melanie C decidiu não atuar após sofrer “pressão de comentários online”.

O anúncio da artista britânica foi bem recebido nas redes sociais, onde ecoaram comentários de elogio à decisão de Melanie C, chegando mesmo a descrever a cantora de 48 anos como uma “heroína” e “aliada” — termo usado para referir pessoas que, não sendo parte integrante da comunidade, apoiam e lutam pelos seus direitos.

O apoio da cantora ao movimento pela igualdade de direitos tem sido bem documentado ao longo dos anos. Em 2021, recebeu mesmo o prémio de Aliada do Ano da comunidade LGBT+ britânica.

Polónia. Direitos da comunidade LGBT incendeiam debate em vésperas de eleições

A recusa de Melanie C em atuar na Polónia voltou a chamar a atenção para a crescente repressão de que a comunidade LGBT+ tem sido alvo nos últimos anos. A Associação Internacional de Gays e Lésbicas (ILGA) classifica o país como o pior da União Europeia em matéria de direitos e políticas referentes àquela comunidade. Em 2019, o Presidente polaco Andrzej Duda chegou mesmo a afirmar que o movimento pelos direitos LGBT+ era “mais destrutivo que o comunismo”.

Esta situação já chegou inclusive a Bruxelas que, em 2021, moveu um processo contra a Polónia e a Hungria, por possíveis violações dos direitos e liberdades dos cidadãos. Em causa estava a introdução pelas autoridades polacas de “zonas livres de pessoas LGBT+” em centenas de municípios e cidades, em 2019.

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