Vivienne Westwood morreu esta quinta-feira, aos 81 anos, comunicou a marca. A designer de moda e ativista inglesa morreu “pacificamente rodeada pela família, em Clapham, no sul de Londres”. Não foi adiantada a causa da morte.

“O mundo precisa de pessoas como a Vivienne para o mudarem para melhor”, refere a mensagem.

A ministra da Cultura do Reino Unido, Michelle Donelan, reagiu à morte da designer, afirmando que Westwood “vai permanecer uma figura cimeira na moda britânica”. “O seu estilo punk reescreveu o livro das regras na década de 1970 e era muito admirada pela forma como permaneceu fiel a si própria e aos seus valores ao longo da vida”, escreveu Donelan no Twitter. O mayor de Londres, Sadiq Khan, disse na mesma rede social que a designer era “um ícone criativo que ajudou a cimentar o lugar do Reino Unido na linha da frente da moda moderna”.

A antiga editora da Vogue internacional, Suzy Menkes, mostrou-se incrédula com a morte da designer de moda inglesa, que descreveu como “atrevida” e “feminina”, uma atitude que era contrária “à sua sexualidade deliberada, presente com uma também deliberada atitude desavergonhada”. A crítica de moda lembrou ainda “os desenhos arrojados e carregados de sexualidade” dos anos 70, a “sensualidade romântica” mais tardia e a luta por várias causas que tinha como objetivo “melhorar o mundo à sua volta”.

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A jornalista de moda inglesa Alexandra Shulman recordou, no Instagram, “uma das designers de moda mais influentes do seu tempo”. “Ela casou uma verdadeira compreensão do design de moda com uma estética rebelde e apaixonadas crenças ambientas antes de ser moda. Nunca desistiu da vontade de questionar o status-quo e será lembrada como uma mulher que usou o seu talento não apenas para fazer roupas bonitas, mas também para chamar atenção para as questões que a preocupavam.”

Numa curta reação, o designer de moda italiano e antigo diretor criativo da Gucci, Alessandro Michele, escreveu no Instagram: “Por favor, ensina o céu a rockar”.

Vivienne Westwood nasceu a 8 de abril de 1941, numa aldeia em Tintwhistle, em Inglaterra. A sua carreira começou na década de 1970. A abordagem radical e única ao estilo urbano marcou profundamente a indústria da moda.

Andrew Bolton, curador do Costume Institute do Metropolitan Museum de Nova Iorque, disse ao The Washington Post que Westwood será lembrada por ter sido a criadora do “look punk”, ao associar uma abordagem radical da moda ao punk, que teve os Sex Pistols como principais representantes. A banda era gerida pelo então companheiro da designer, Malcolm McLaren, e foi Westwood que criou o estilo pelo qual ficaram conhecidos.

“Deram ao movimento punk um look, um estilo, e foi tão radical que quebrou com tudo o que vinha do passado”, afirmou Bolton, lembrando as camisas rasgadas, os alfinetes e os slogans provocadores introduzidos por Westwood que fazem hoje parte “do vocabulário da moda”. “O movimento punk nunca desapareceu, tornou-se parte do vocabulário da moda. Agora é mainstream.”

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“Vivienne Westwood deu à luz o punk, conquistou a indústria de alta costura e construiu um império global”, lembra a BBC, que a descreve como uma “revolucionária” que se alimentava do ódio à corrupção e à injustiça global e que desesperava perante a passividade das gerações jovens. Mas o caminho para o sucesso não foi fácil. Como lembra o canal de televisão, a designer esteve várias vezes à beira da falência. A pouco e pouco, conseguiu conquistar um lugar no mundo da moda — e fazer uma fortuna.

Inconformável, abraçou a causa ambiental, lutando contra o aquecimento global. Ofereceu centenas de milhares de libras ao Partido dos Verdes inglês, visitava regularmente Julian Assange e estacionou um tanque branco à porta da casa do antigo primeiro-ministro David Cameron num protesto contra o fraturamento hidráulico. Apoiou várias organizações, como a Aids Research, a PETA (que luta pelos direitos dos animais) e a Oxfam (pela erradicação da pobreza).

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Sempre rebelde, a sua citação favorita era de Aldous Huxley, autor de Admirável Mundo Novo: “A ortodoxia é a sepultura da inteligência”.