Numa entrevista gravada a 23 dezembro, e que não tinha como refletir os acontecimentos mais recentes e a demissão de Pedro Nuno Santos, o primeiro-ministro refere-se uma única vez ao agora ex-ministro. Sem entrar em polémicas, António Costa volta a dizer que o caso em torno do novo aeroporto de Lisboa foi mesmo o mais grave a atingir o Governo.

Em entrevista à revista “Visão”, a 14 de dezembro, Costa desvalorizou todos os casos e casinhos em que se envolveu o Governo, dizendo que só o folhetim criado por Pedro Nuno era verdadeiramente grave.

Agora, na CMTV, e confrontado com a gravidade do caso de Miguel Alves, o secretário de Estado que se demitiu depois de ter sido constituído arguido, Costa deixa claro que nada do este fez estava relacionado com “o Governo e com a atividade do Governo”. Por outras palavras: Pedro Nuno Santos pisou a linha como ministro e acabou, na altura, com pé e meio fora do Governo.

O antigo ministro e amigo que agora faz parte dos “comentadores”

Ao longo da entrevista, António Costa foi desvalorizando todas todas as críticas que tem sido alvo e às várias polémicas em que o Governo se viu envolvido. Confrontado com as declarações de Pedro Siza Vieira, seu antigo número dois no Executivo e amigo de longa data, o primeiro-ministro garante que não ficou magoado. “Nunca fico magoado com os comentadores“, reforçou.

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As declarações de Siza Vieira, uma reação à entrevista de Costa à revista “Visão”, form particularmente duras, até atendendo à relação que os une. “É uma entrevista de alguém que está completamente instalado, muito confortável na sua posição, híper confiante, e é aí que alguma coisa dá uma sensação de desconforto a quem lê. É uma maneira de falar que me sugere aquela expressão grega húbris. Aquela tentação, aquele sentimento de quem que se sentia infalível e que punha em causa os deuses.”

Agora, em entrevista à CMTV, Costa responde indiretamente a Siza Vieira. “Não me chamem arrogante. Não fui contratado para agradar ou apaparicar os comentadores. Ou para andar preocupado com os comentadores”, disse, sem nunca se referir ao nome do seu ex-número dois.

Quanto ao mais, Costa voltou a jurar pés a juntos que não quer ser Presidente da República, reafirmou o compromisso de cumprir a legislatura até ao fim e ainda reiterou o pedido de desculpas depois da polémica com Carlos Moedas à boleia das cheias de Lisboa. “Foi um disparate que fiz e pedi desculpa pelo disparate. São as fragilidades de ser um humano”, rematou.