Nos negócios do mundo do futebol, os milhões de euros que pagam jogadores são transacionados com a naturalidade com que o comum dos mortais envia trocos aos amigos através de uma aplicação de telemóvel para devolver o empréstimo que lhe fizeram durante o investimento num café. 45 milhões de euros ainda representam algumas toneladas de cafeína. No entanto, se o retorno for ter Pedro Porro a jogar no lado direito da defesa de um grande clube europeu, a compensação acaba por valer a pena. É esse o valor da cláusula de rescisão do lateral que os interessados vão ter que pagar para levarem o espanhol no mercado de inverno que se aproxima.

No regresso do campeonato a Alvalade depois do Mundial e com Coates a realizar o jogo 300 de verde e branco, o Sporting recebia e vencia por 3-0 o Paços de Ferreira em jogo da 14.ª jornada da Taça da Liga. Antes da partida, cumpriu-se um minuto de silêncio em homenagem a Pelé que faleceu esta quinta-feira. Com o pensamento no astro brasileiro, Porro é que virou Rei e arrastou consigo para a vitória um Sporting já por si motivado motivado.

O P. Ferreira chegava a Lisboa sem ter ainda conseguido qualquer vitória na temporada. Depois de César Peixoto e José Mota terem treinado a equipa sem sucesso suficiente para se manterem no cargo, foi a vez do técnico interino, Marco Paiva, assumir os destinos da equipa e tentar inverter o ciclo de 17 jogos sem vencer. Rúben Amorim tinha a dificuldade de preparar o jogo às cegas, sem ter conhecimento de como o P. Ferreira se ia apresentar, por não ter material para analisar um adversário que se apresentou com novas ideias.

Os castores tentaram encaixar o seu sistema tático no dos leões. Assim, os pacenses atuaram em 3-4-3, formando uma linha de cinco atrás no momento de organização defensiva. Na frente, o P. Ferreira jogou sem uma referência de ataque. Na teoria, Nico Gaitán era o elemento mais adiantado, no entanto, o argentino caiu muitas vezes sobre a direita, arranjando espaço para organizar o jogo da equipa entre Matheus Reis e Nuno Santos. Com um intérprete como Gaitán, o Paços, em alguns momentos, até foi audaz a circular a bola, embora, na chegada ao último terço o Sporting, também em 3-4-3, não desse qualquer hipótese de infiltração. Mesmo sem Morita (fora por lesão) e Ugarte (ausente por castigo), o jovem Dário Essugo deu conta do recado no meio-campo sportinguista.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Ficha de Jogo

Mostrar Esconder

Sporting-P. Ferreira, 3-0

14.ª jornada da Primeira Liga

Estádio José Alvalade, em Lisboa

Árbitro: António Nobre (AF Leiria)

Sporting: Adán, Porro, Inácio, Coates, Matheus Reis, Nuno Santos (Arthur 71′), Dário Essugo, Pedro Gonçalves (Mateus Fernandes 79′), Trincão (Sotiris 85′), Edwards (Jovane 71′) e Paulinho (Rodrigo Ribeiro 79′)

Suplentes não utilizados: Franco Israel, Rochinha, Ricardo Esgaio e José Marsà

Treinador: Rúben Amorim

P. Ferreira: Jordi, Delgado, Flávio Ramos, Ferigra, Lima, Antunes (Uilton 74′), Rui Pires (Adrian Butzke 63′), Holsgrove, Matchoi (Jorge Silva 85′), Thomas (Arthur Sales 74′) e Nico Gaitán (Toma 85′)

Suplentes não utilizados: Vekic, Pedro Ganchas, Fernando e Mauro Couto

Treinador: Marco Paiva

Golos: Porro (3′), Nuno Santos (22′) e Paulinho (45′)

Ação disciplinar: cartões amarelos a Ferigra (24′), Nico Gaiytám (30′), Pedro Gonçalves (67′), Matchoi (77′) e Holsgrove (90′); cartão vermelho a Dário Essugo (82′)

A equipa verde e branca mostrava uma capacidade especial para utilizar o seu corredor esquerdo. Nesse sentido, sempre que a bola chegava ao último terço, o Sporting colocava o lateral do lado oposto, Pedro Porro, dentro da área para ser mais uma opção de finalização. Nasceu assim o primeiro golo dos leões. Os opostos tocaram-se com Nuno Santos a cruzar, a partir do flanco canhoto, e Porro (3′) a aparecer para cabecear para o primeiro golo.

Apesar de tudo, na resposta, a equipa pacense permaneceu alguns instantes no meio-campo ofensivo. A ousadia acabou por custar caro. Sempre que o Sporting recuperava a posse lançava muita gente para a frente, apresentando quase sempre superioridade em relação aos defesa, uma vez que os restantes homens do P. Ferreira se projetavam demasiado ofensivamente. A colocação dos homens de amarelo em campo era propícia aos contra-ataques leoninos. Não tardou o Sporting a aproveitar as fendas do adversário. Em ataque rápido Edwards serviu Nuno Santos (22′) que alargou a vantagem.

Nem sempre foi assim, mas, por esta altura, Paulinho é nome grande em Alvalade em Alvalade. No jogo desta quinta-feira marcou o sétimo golo em cinco jogos quando cabeceou ao minuto 45 para o 3-0.

A segunda parte não teve tantos motivos de interesse como a primeira e os que teve não foram golos. Destacou-se o momento em que o defesa do P. Ferreira, Antunes, que jogava no Sporting no ano da conquista do último último campeonato, foi substituído debaixo de um coro de aplausos dos adeptos da casa. O outro momento de relevo teve origens no inesperado. O Sporting tinha o jogo controlado, mas uma entrada mal calculada de Dário Esssugo valeu o cartão vermelho direto (82′) ao médio. Mesmo em inferioridade numérica, os leões não tiveram dificuldade em conquistar os três pontos.

Desta forma, o P. Ferreira agudiza ainda mais a crise que atravessa. Já o Sporting soma a sétima vitória consecutiva, alcançando os 28 pontos e subindo, à condição, ao terceiro lugar da Primeira Liga. Na próxima jornada, os leões vão à Madeira para defrontarem o Marítimo, enquanto que o Paços recebe o Chaves.