Porto, Gaia e Matosinhos cancelaram os festejos de passagem de ano devido às previsões do Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA), que “apontam para um agravamento das condições meteorológicas, com chuva forte, vento e agitação marítima” até dia 1 de janeiro.
Em comunicado emitido esta sexta-feira, a autarquia do Porto escreveu que, para seguir as recomendações da Proteção Civil e os avisos à população, os autarcas Rui Moreira, Eduardo Vítor Rodrigues e Luísa Salgueiro cancelaram, nas respetivas cidades, “os festejos musicais, realizados no exterior, e pirotécnicos marcados para a noite de Passagem de Ano”.
O IPMA prevê “vento forte, com rajadas até 80 quilómetros por hora entre as 21 horas de hoje [esta sexta-feira] e as 9 horas de amanhã, dia 31 de dezembro”. A nota refere ainda que é “esperada a ocorrência de chuva persistente e por vezes forte para os dias 31 de dezembro e 1 de janeiro” — com o período “mais crítico” a estar previsto entre as 00h00 e as 12h00 do primeiro dia de 2023.
Foram colocados oito distritos do Norte e Centro (Viseu, Porto, Vila Real, Viana do Castelo, Leiria, Aveiro, Coimbra e Braga) sob aviso amarelo por causa da chuva e, em alguns casos, por causa do vento e da agitação marítima. Miguel Miranda, presidente do IPMA, já tinha pedido cuidado e avisado que a condução na noite de 31 de dezembro para 1 de janeiro vai ser “fortemente afetada não só pela chuva, mas também pelo vento e pelo estado do mar”.
Oito distritos sob aviso amarelo por causa da chuva esta sexta-feira e na passagem de ano
Por sua vez, também a Autoridade Marítima Nacional aconselhou a população a “não ir a banhos” no primeiro dia de 2023 e pediu para que fossem evitadas as deslocações para zonas expostas à agitação marítima, indicando que intensificará o dispositivo em algumas praias.
Autoridade Marítima aconselha a “não ir a banhos” no primeiro dia de 2023
Viseu também decidiu cancelar os festejos de passagem de ano, mas mantém o fogo-de-artifício e a restauração a funcionar. Em comunicado da autarquia citado pela SIC Notícias, Fernando Ruas, o presidente da Câmara Municipal indica que a decisão foi devidamente ponderada tendo em conta o estado do tempo e as previsões para as próximas horas.
“Em articulação com o serviço municipal de Proteção Civil”, a organização “decidiu avançar com a decisão de cancelamento das celebrações. O fogo-de-artifício será lançado à meia-noite e apenas o Bairro da Restauração estará em funcionamento”.
“Sabemos o quão importante é este dia e celebração para todos os viseenses e aqueles que nos visitam, mas garantir a segurança de todos é a nossa principal prioridade”, acrescentou o autarca. Além disso, vão existir cortes no trânsito nas vias adjacentes ao Campo de Viriato, entre as 22h do dia 31 de dezembro e as 2h do dia 1 de janeiro. Estavam previstas as atuações de Mundo Segundo, Richie Campbell e o dj Victor Pirez.
STCP cancela operação especial prevista para a noite de Passagem de Ano no Porto
A Sociedade de Transportes Coletivos do Porto (STCP) cancelou a operação especial prevista para a noite de Passagem de Ano. Em comunicado a que Lusa teve acesso, a companhia de transportes adianta que as duas linhas especiais de ligação de e para o Queimódromo do Porto estão canceladas, assim como a linha 500 que iria ser reforçada até à rotunda da Anémona, no decorrer do cancelamento dos festejos de Ano Novo na cidade do Porto devido ao mau tempo.
No dia 31 de dezembro, o serviço assume o “horário habitual de sábado” e, durante a noite e madrugada, mantém-se o restante serviço nas linhas da operadora.
Empresários não estão preocupados: “Admitimos alguns prejuízos, mas não terão impacto nas contas”
Apesar do cancelamento dos festejos de fim de ano, os empresários do turismo, restauração e diversão noturna da zona Norte do país não estão preocupados: os profissionais destes setores admitem alguns prejuízos, mas afirmam que o impacto financeiro não será elevado: os hóteis estão lotados e os turistas já começaram a chegar.
Em declarações à Rádio Observador, o presidente do Turismo do Porto e Norte fala numa “atitude de grande responsabilidade” e considera que a medida não vai fazer diferença ao nível da ocupação hoteleira.
Não vai ter impacto nenhum, porque as reservas já estão feitas. Claro que os turistas ficarão tristes por não poderem sair à rua, mas, olhando pela janela, os próprios vão perceber que não havia condições para sair à rua”, afirma Luís Pedro Martins.
O empresário adianta que muitos turistas já deram entrada nos hóteis e que, por isso, “não vai haver cancelamentos”.
O presidente da Associação de Bares e Discotecas da Movida do Porto concorda: o impacto financeiro será reduzido. Também ouvido pela Rádio Observador, Miguel Camões admite que o mau tempo pode levar a uma “quebra de afluência”. “Mas é uma noite de especial, de fim de ano. Por isso, as pessoas estão mais dispostas a sair. Contamos também que os turistas compensem alguma perda que possamos ter por via dos clientes locais”, explica.
Ouça aqui as declarações dos empresários à Rádio Observador:
Miguel Camões afirma ainda que também compreende a decisão de cancelar os festejos face às previsões de mau tempo.
O presidente do Sindicato dos Trabalhadores da Indústria de Hotelaria, Turismo, Restaurantes e Similares do Norte adianta que “haverá sempre prejuízos”, no que diz respeito aos bares ou restaurantes. Mas, novamente, sem peso significativo.
Admito que possam ter uma ligeira desocupação: as pessoas que iam assistir ao fogo de artifício, poderiam depois ir aos bares. Mas acho que não vai ter grande impacto nas contas dos empresários do setor”, defende Francisco Figueiredo.
Artigo atualizado às 21h40 com as declarações dos empresários do setor do turismo, restauração e diversão noturna do Porto